O
Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) prepara uma nova ação com
vistas a intensificar e qualificar as ocupações de terrenos que faz pelo
Brasil. A ideia do grupo, o maior movimento social do Estado de São
Paulo, é preparar intelectualmente seus integrantes mais atuantes para
ser mais efetivo em seus objetivos.

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto em protesto realizado na quinta-feira (16)
Os encontros vêm em um momento em que o MTST tem
intensificado suas ações de ocupação e grandes protestos para mobilizar
tanto autoridades quanto opinião pública a respeito de seus objetivos –
especialmente de habitação popular, em meio a consecutivos adiamentos da
terceira parte do programa Minha Casa Minha Vida.
"Diferente
das assembleias habituais, nas quais apresentamos desafios e
organizamos as lutas mais imediatas, este encontro vai ser mais longo,
passando o dia inteiro com os acampados, traçando novas mobilizações e
ocupações de olho em um planejamento em longo prazo", explica Natália
Szermeta, coordenadora nacional do grupo. "É um momento para fazermos
uma avaliação, uma grande análise, para termos noção da dimensão do
movimento neste momento, sobre o seu significado na atual conjuntura
nacional."
Se pautas como as críticas ao ajuste fiscal, ao
conservadorismo do Congresso Nacional e à tentativa de reduzir a
maioridade penal seguem nos discursos do MTST, o grupo abraçou como
prioridade absoluta a pressão pelo lançamento do Minha Casa Minha Vida
3, parado desde o final do ano passado, quando acabou a segunda parte do
programa.
"Essa demora é reflexo direto de uma
política econômica recessiva, em que se ajusta as contas retirando
direitos dos programas sociais, em vez de tirar de onde existe dinheiro,
dos banqueiros e afortunados deste País", reclama Natália. "Desde o ano
passado, as pessoas de baixa renda não têm como conseguir teto. E,
pior, com a crise, elas têm sido mais e mais despejadas. Se o governo
não lançar logo o MCMV3, conforme sua promessa, as ocupações seguirão
aumentando."
De acordo com o governo federal, o Minha Casa Minha Vida 3 será lançado ainda neste segundo semestre. Procurado pelo iG,
o Ministério das Cidades, pasta responsável pelo programa, não
respondeu quando exatamente isso ocorrerá. A reportagem também o
questionou em relação às críticas do MTST, mas, da mesma forma, não
obteve resposta.

Ocupação Copa do Povo um ano atrás: terreno será usado para construir casas a sem-teto
Adesão em altaOs encontros
também vêm em um momento em que o MTST volta a intensificar, assim como
fizera no primeiro semestre de 2014, suas ações. Em 25 de junho,
milhares participaram da "Quinta-feira Vermelha - Contra a Retirada de
Direitos" em São Paulo. Na quarta-feira (16), cerca de 10 mil
integrantes do grupo se reuniram em marcha rumo ao Palácio dos
Bandeirantes, sede do governo estadual, para cobrar avanços em
negociações de moradia com Geraldo Alckmin.
No próximo dia 6 de
agosto, novo protesto, desta vez marcado para 14 Estados, ocorrerá tendo
como pauta o lançamento do Minha Casa Minha Vida 3 e a exigência pelo
fim da violência nas reintegrações de posse feitas no País. Ainda em
agosto, no dia 20, mais um ato está marcado, tendo as pautas
tradicionais unidas a um coro "contra a direita brasileira" – uma
resposta ao protesto anti-Dilma Rousseff, que ocorrerá dias antes.
A mobilização de novos integrantes também continua crescendo. Em entrevista ao iG
concedida um ano atrás, Guilherme Boulos afirmou que o movimento tinha
um total de 20 mil famílias cadastradas no Brasil, atuantes em ocupações
e protestos de rua. Hoje, são cerca de 45 mil. As ocupações também
aumentaram, de 15 para 22 no Estado de São Paulo, segundo a
coordenadoria nacional do movimento, chegando a 35 em território
brasileiro. Somente entre maio e junho, quatro delas foram feitas na
Região Metropolitana de SP.
Vaquinha para a mobilizaçãoPara
levar adiante os encontros, o MTST lançou uma campanha para arrecadar
dinheiro e organizar quatro grandes encontros fechados voltados apenas
para os sem-teto, a serem realizados entre este mês de julho e agosto.
O
objetivo é arrecadar R$ 40 mil para o custeio com alimentação,
papelaria e gráfica, custos técnicos (som, elétrica e limpeza), além de
aluguel de ônibus e cadeiras. Até a noite de quinta-feira (16), faltava
cerca de R$ 12 mil para garantir o montante. O fim do processo
arrecadatório - via site Catarse – termina na próxima quarta-feira
(22).
PAN 2015
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