terça-feira, 30 de setembro de 2014

OS MÁRTIRES DO CURURUPE



   “Antes de a gente [ter] nascido, os brancos mataram muito índio aí em Olivença, do Cururupe até o Acuípe, uma légua de índio morto, pareado. Já pensou quanto índio morreu?” (Marcionílio Alves Guerreiro, conhecido como seu Bebé, 80 anos).

TUPINAMBÁ DE OLIVENÇA REALIZAM CAMINHADA EM HOMENAGEM A SEUS ANTEPASSADOS.

   A praia do Cururupe, extremo norte da Terra Indígena Tupinambá de Olivença, foi cenário da sangrenta Batalha dos Nadadores, comandada por Mem de Sá, em 1559. Segundo relato do próprio governador-geral, quando dispostos ao longo da praia, “tomavam os corpos [dos indígenas assassinados] perto de uma légua” (apud João da Silva Campos. 2006 [1947]. Crônica da capitania de São Jorge dos Ilhéus. 3 ed. Ilhéus, Editus, p. 186).


   No último domingo, no município de Ilhéus, os indígenas da etnia Tupinambá se reuniram para honrar seus mártires. Foi um dia de tristeza pelas violências sofridas durante todo o período desde  o descobrimento até os dias de hoje, em que os índios são considerados uma sub-espécie e tem seus direitos afrontados dia a dia. 
   Mas também foi um dia de festa, pois marca a resistência dos povos indígenas, em especial dos tupinambá, que criaram um foco de resistência que se expandiu desde a aldeia mãe (Olivença) a toda região entre os município de Ilhéus, Una e Buerarema.
   Foz do rio Cururupe

   Idosos, crianças, mulheres e muitos guerreiros tupinambá estiveram presentes na caminhada, o riso surgia fácil e a caminhada se tornou leve, mesmo sob um calor intenso e caminhando no asfalto da BA 001, no trecho que liga o Cururupe à Aldeia Mãe.
Índios de várias idades participaram da caminhada, todos com muita alegria.

   Durante a caminhada, os caciques seguiam a frente, orgulhosos de suas culturas e guiando seu povo, mostrando disposição para a luta e para o resgate cultural que representou o evento para todos os tupinambá que participaram.


Caciques Tupinambá sempre a frente de seu povo.



    Povo tupinambá caminhando na BA 001. 

    Guerreiros tupinambá a frente de seu povo, com muita disposição.






Crianças tupinambá também participam da caminhada.

Após a caminhada se deu a entrada triunfal dos indígenas na Vila de Olivença, onde foram recepcionados pela comunidade e pelo Bispo Diocesano de Ilhéus, Dom Mauro Montagnoli que recepcionou e abençoou os Tupinambá com uma cerimônia simples mais cheia de significação.
    Chegada da caminhada na Vila de Olivença
Ladeado pelos Tupinambá, Dom Mauro abençoa os indígenas que realizaram a caminhada. 


Atentos, os Tupinambá ouviram as palavras do Bispo Diocesano.

Após a cerimônia, os caciques orientaram seu povo e houve uma bela confraternização com a comunidade local. O povo tupinambá pode refeletir sobre sua história e o lugar por eles ocupado na história desse nosso vasto Brasil, tão cheio de contrastes e de injustiças e, ao mesmo tempo, dotado de uma cultura sem igual no mundo.



     Guerreiros tupinambá pintados com suas cores tradicionais participaram da caminhada.







                                                                         Imagens disponíveis, somente cite a fonte.
                                                                         Set 2014. A vez das Minorias

CONTRA A DISCRIMINAÇÃO DA POPULAÇÃO NEGRA!

Movimento Negro em Salvador fazem protesto contra Sexo e as Negas na Rede Bahia.


Movimento Negro em Salvador fazem protesto contra Sexo e as Negas na Rede Bahia
  A mais nova série de Miguel Falabela veiculada na Rede Globo, Sexo e as Negas, será alvo de um protesto nesta terça-feira (30) em Salvador. A manifestação que conta até com nome – Desligue o Racismo, Assuma o Controle – terá como ponto de encontro de diversas entidades do movimento negro a frente da sede da Rede Bahia, filiada da Globo no estado, às 12h. Segundo porta-vozes do protesto, o objetivo dos manifestantes é mostrar a indignação a respeito da representação das mulheres negras no programa, além de problematizar e provocar a reflexão da sociedade baiana sobre o processo de construção da imagem da mulher negra. Ainda de acordo com os movimentos sociais, as produções televisivas colocam as mulheres negras em uma posição de “mero objeto sexual”, como esclarecem em nota encaminhada à imprensa. Estão presentes a União de Negros pela Igualdade (Unegro); a Aganju- Afrogabinete de Articulação Institucional e Jurídica; o Programa Direito e Relações Raciais, da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia (PDRR/UFBA); a Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen-Bahia); e o Movimento Negro Unificado (MNU). A sede carioca de Rede Globo já foi centro de protestos contra a minissérie no último dia 16, e manifestantes chegaram a pichar o letreiro da emissora (foto abaixo). Além disso, pelo menos três denúncias já foram protocoladas na Secretaria Especial da Promoção da Igualdade Racial (Seppir) contra o programa.   

COMISSÃO DA VERDADE SE PREPARA PARA O FIM DOS TRABALHOS.

Comissão Nacional da Verdade recebe até amanhã sugestões para relatório final.


As pessoas interessadas em enviar sugestões para o relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV)  têm prazo até hoje(30) para mandar as contribuições. Isso pode ser feito por meio de um formulário na internet. Desde 11 de agosto, a CNV está recebendo as sugestões, que constarão de um capítulo específico do relatório.

Além de apurar as circunstâncias das graves violações de direitos humanos ocorridas no país entre 1946 e 1988, a CNV tem o papel de recomendar ao Estado e à sociedade brasileira mudanças de legislação, regulamentos e instituições com o intuito de fortalecer o regime democrático e evitar a repetição de tais atos.

A conclusão dos trabalhos da comissão está prevista para 10 de dezembro com a entrega do relatório final.

A IMOBILIDADE NACIONAL.

A NAÇÃO PAROU!!!

   Estamos, nos dias atuais, observando uma inanição absurda para um país de dimensões continentais como o Brasil. Tudo está parado. Obras de infraestrutura, obras na educação, estradas, instalações voltadas para a saúde. Tudo parou.

   Pararam os estudos a respeito das estatísticas da violência, o assunto da mortalidade infantil está em suspenso. Os direitos básicos dos cidadãos caíram no esquecimento, a polícia não realiza mais operações necessárias porém que não agradam a opinião pública, os professores das redes municipais, estaduais e federais ministram suas aulas de forma automática e sem entusiasmo, esperando ansiosamente pelo fim do período para saírem da sala.
   
   Discussões importantes não se concretizam , os olhos abaixa-se e não fitam nada além da ponta dos pés, o único assunto que ainda absorve alguma atenção ainda é o campeonato nacional de futebol. Ainda assim o mais discutido não é o resultado e sim a violência que ocorre nos estádios e cidades padrão FIFA.

   Por quê essa apatia? Por quê esse descaso com as coisas do país? A resposta é simples, estamos em período eleitoral, as atenções se  voltam à disputa eleitoral e aos vitoriosos que de lá surgirão. A antiga aspiração do "salvador da pátria" volta ao imaginário popular, o velho político honesto, bonzinho, pai dos pobres, salvador dos desassistidos povoa os sonhos do povo brasileiro e esse não consegue focar nos assuntos mais importantes par os rumos de nosso país.

   Como assim, mais importantes? A eleição não é o assunto mais importante do país? A resposta é NÃO! a eleição deveria ser apenas um aspecto burocrático da democracia e não o circo que se tornou nas democracias sul americanas, esse deprimente espetáculo midiático e essa guerra de egos.

   Estivemos, nos últimos meses, acompanhando o processo de campanhas eleitorais nos interiores de Bahia, Sergipe, Pernambuco e Piauí, vendo com tristeza que o processo eleitoral se tornou uma máquina de corrupção e de mentiras. Candidatos que abusam do poder econômico, candidatos que abusam da mentira e das promessas falsas e um povo que, mesmo tendo conhecimento das matreiras manobras, ainda é conduzido, feito rês em boiada, através dos currais eleitorais de nosso imenso Brasil.

  Enquanto isso, aquela parcela mais sofrida da população, o pequeno produtor rural acossado pela seca, as comunidades de remanescentes quilombolas, as crianças abandonadas, os povos indígenas, a mulheres vítimas de maus tratos em suas próprias casas, os homossexuais vítimas de violência gratuita, a população afrodescendente que tem seus jovens assassinados dia aós dia continuam ali, à espera uma solução para seus direitos negados a tanto tempo, sem receber nada mais do que promessas vãs em troca de votos.

   Não será dessa disputa eleitoral que sairá a salvação de nosso país, e sim da união da população na busca de seus direitos e na realização de seus projetos enquanto povo. Unindo-se em torno de suas comunidades as pessoas tornarão realizável o tão sonhado projeto de um país unido e honesto.
   Mas o país não pode se estagnar, não pode parar, pois a inanição mata e pode matar um país inteiro.