sábado, 25 de julho de 2015

LUTA CONTRA AS DROGAS

'Comunidades terapêuticas não têm eficácia 

comprovada', diz militante pela legalização.

'Comunidades terapêuticas não têm eficácia comprovada', diz militante pela legalização

“A política de drogas é o remédio que é pior que a doença”. Foi desta forma que Luana Malheiro, integrante da Rede Latinoamericana de Pessoas que Usam Drogas, definiu a atual política de combate às drogas praticada no Brasil durante sua fala na audiência pública sobre o tema realizada na manhã desta sexta-feira (24), na sede da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Bahia (OAB-BA). Crítica ferrenha do regime de combate à entorpecentes aplicado no país, o qual ela denomina como “guerra às drogas”, Luana afirma que a política atual não vai cuidar da saúde dos usuários de drogas e ainda a culpabiliza por ações como a ocorrida em fevereiro deste ano no bairro do Cabula, que culminou na morte de 12 pessoas. “Num ambiente de guerras às drogas, de combate ao tráfico, presenciamos a chacina do Cabula, o caso Amarildo”, afirmou em sua fala. Em entrevista ao Bahia Notícias, a integrante da Rede Latinoamericana de Pessoas que Usam Drogas ainda fez críticas ao financiamento governamental de comunidades terapêuticas, que, muitas vezes, pertencem a instituições religiosas. Para Luana, investir dinheiro público nestas clínicas é “retirar recurso para fortalecimento da política nacional para serviços que não têm eficácia comprovada”. Ela ainda tece críticas ferozes ao trabalho realizado pelas instituições e afirma que a lógica de tratamento praticada por eles leva à reincidência dos usuários de entorpecentes. “A gente tem uma série de pesquisas que comprovam que os usuários que passam por comunidade terapêutica, quando saem, eles vão reincidir”, afirmou. “A lógica é criar um ambiente artificial para aquele sujeito, com pessoas artificias, eles não vão ficar lá a vida inteira. Eles precisam a regular o uso e ter o tratamento ocupando os espaços da cidade, sendo inseridos no mercado de trabalho e essa lógica dos centros de atenção psicossociais”, sugeriu. Para ela, a imposição da abstinência feita pelas comunidades terapêuticas é algo que fere os direitos humanos.  “Quando você lida com um usuário que usa 20 pedras de crack por dia, é muito difícil que você exija que ele entre nessa instituição e fique em abstinência, ou, então, que faça uma conversão religiosa. São instituições que não têm profissionais qualificados para lidar com a temática, que é importante, e a gente precisa ter um maior aprofundamento”, concluiu.

Do bBahia Notícias. Foto: Luana Malheiro, por Cláudia Cardoso.

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