'Comunidades terapêuticas não têm eficácia
comprovada', diz militante pela legalização.
“A política de drogas é o remédio que é pior que a doença”. Foi desta forma que Luana Malheiro, integrante da Rede Latinoamericana de Pessoas que Usam Drogas, definiu a atual política de combate às drogas praticada no Brasil durante sua fala na audiência pública sobre o tema realizada na manhã desta sexta-feira (24), na sede da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Bahia (OAB-BA). Crítica ferrenha do regime de combate à entorpecentes aplicado no país, o qual ela denomina como “guerra às drogas”, Luana afirma que a política atual não vai cuidar da saúde dos usuários de drogas e ainda a culpabiliza por ações como a ocorrida em fevereiro deste ano no bairro do Cabula, que culminou na morte de 12 pessoas. “Num ambiente de guerras às drogas, de combate ao tráfico, presenciamos a chacina do Cabula, o caso Amarildo”, afirmou em sua fala. Em entrevista ao Bahia Notícias, a integrante da Rede Latinoamericana de Pessoas que Usam Drogas ainda fez críticas ao financiamento governamental de comunidades terapêuticas, que, muitas vezes, pertencem a instituições religiosas. Para Luana, investir dinheiro público nestas clínicas é “retirar recurso para fortalecimento da política nacional para serviços que não têm eficácia comprovada”. Ela ainda tece críticas ferozes ao trabalho realizado pelas instituições e afirma que a lógica de tratamento praticada por eles leva à reincidência dos usuários de entorpecentes. “A gente tem uma série de pesquisas que comprovam que os usuários que passam por comunidade terapêutica, quando saem, eles vão reincidir”, afirmou. “A lógica é criar um ambiente artificial para aquele sujeito, com pessoas artificias, eles não vão ficar lá a vida inteira. Eles precisam a regular o uso e ter o tratamento ocupando os espaços da cidade, sendo inseridos no mercado de trabalho e essa lógica dos centros de atenção psicossociais”, sugeriu. Para ela, a imposição da abstinência feita pelas comunidades terapêuticas é algo que fere os direitos humanos. “Quando você lida com um usuário que usa 20 pedras de crack por dia, é muito difícil que você exija que ele entre nessa instituição e fique em abstinência, ou, então, que faça uma conversão religiosa. São instituições que não têm profissionais qualificados para lidar com a temática, que é importante, e a gente precisa ter um maior aprofundamento”, concluiu.
Do bBahia Notícias. Foto: Luana Malheiro, por Cláudia Cardoso.
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