Nesta postagem pretendo compartilhar minhas experiências com a
direita no campo político. Nas anteriores descrevi experiências com a
direita na pratica religiosa,
onde as coisas ganham contornos cruéis e no ensino, onde a batalha dos
donos de escolas é para reduzir a ação que deveria ser educacional a um
ensino medíocre e mercadológico.
Na postagem de número dois defini três matrizes de direita como
sistema de ideias e como prática política daninha aos direitos humanos e
à educação do espírito coletivo.
Eu era criança quando se deu o golpe civil-empresarial-imperialista-militar no dia 1º de abril de 1964.
Até 1964 as discussões, debates, estudos e práticas políticas eram
rotina animada do cotidiano social para toda a população, que
participava com interesse e alegria. Pelas rádios, jornais, nas igrejas,
nas correspondências, no material didático e nos bate papos entre
amigos discutíamos política.
Vivi minhas infância, adolescência e juventude no Rio Grande do Sul
em ambiente de tremenda efervescência política. Às sextas feiras a
programação da família era escutar os comícios de Brizola pela Rádio
Farroupilha. Aplaudíamos como se fosse ao vivo, numa praça qualquer.
Daí veio o golpe. O Brasil e nós mergulhamos nas trevas da alienação e da bestialidade. Na escuridão da longa noite da ditadura os bandidos torturadores,
espiões que catavam heróis da liberdade, os assassinos pagos com
dólares, os criminosos golpistas e os mentirosos passaram a ser
valorizados enquanto os gênios, os inteligentes e democratas eram
perseguidos e eliminados.
Esse marco de trevas cruzou nossa história viciando a democracia que reiniciaria em 1985. Daí buscou-se a eleição de Tancredo Neves dentro do Colégio eleitoral
das trevas da ditadura para ganharmos José Sarney como presidente e
herdeiro da nova Constituição que nascera em 1988 num contexto de guerra
entre a direita e o povo brasileiro.
A primeira eleição direta, vitória dos que resistiram as trevas e os
porões fétidos de sua ditadura, o senso comum, capturado pela direita em
colaboração com mídia suja e encharcado com o sangue dos heróis, elegeu
o projeto apoiado pelos Estados Unidos e pelo mercado explorador da
dignidade humana, representado por Collor de Melo.
As trevas insistiram em sombrear as luzes da democracia que se
fortaleceram na Constituinte para depois se estenderem perversa e
avassaladoramente em Fernando Henrique Cardoso, a mais cínica e
destrutiva proposta de entrega do Brasil aos interesses imperiais e da
desproteção dos direitos políticos, à soberania nacional e humanos.
A miséria e a pobreza sucatearam vidas humanas e as empresas
nacionais, que jogaram no desemprego milhares de trabalhadores,
desgraçando famílias inteiras.
Com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 para a Presidência
da República fragilizou-se a espiral de tremenda brutalidade contra o
povo. Claro, o governo Lula não rompeu totalmente as trevas nascidas de
uma classe dominante cruel e desumana. No entanto, com ele as luzes da
justiça social se acenderam para 40 milhões de pessoas que saíram da
miséria e da pobreza. Destas, muitas foram para as universidades porque
os investimentos sociais as arrancou das escuridões e as animou a
percorrer os corredores acadêmicos e da ampliação de suas inteligências.
As luzes da justiça social se acenderam para o Brasil inteiro. Experimentamos novos tempos de produção e consumo de riquezas. Mas, como sói acontecer na natureza, e na natureza humana em
especial, luz e trevas se digladiam perenemente, sem nunca se separar,
com uma delas vitoriosa no predomínio, fazendo dia com a luz e noite com
as trevas.
Agora, novamente, as forças das trevas tentam apagar as luzes
acendidas com a vida, a luta e até com a morte dos lutadores. As trevas
de tão espessas e barulhentas parecem ser mais fortes dos que os raios
que se fizeram dia por 12 anos.
As trevas falam, gritam, ameaçam, fazem passeatas, dão entrevistas,
mentem, manipulam e empurram o diabo empacotado de divindade. Na visita que a Presidenta Dilma fez aos Estados Unidos um marginal
das trevas entrou junto com sua comitiva para ofendê-la com repercussão
internacional.
Na Câmara Federal muitos deputados e deputadas de direita venderam a alma ao diabo com Eduardo Cunha. Numa palestra em Porto Alegre, falando a milhares de pessoas reunidas
no Parque Farroupilha, neste domingo dia 05 de julho, em pleno inverno
gelado, nosso teólogo Leonardo Boff declarou sabiamente que Eduardo
Cunha é bandido.
Falou certo. Mas em política ninguém é bandido sozinho. Então o
presidente (com "p" bem minúsculo) da Câmara é uma legião de bandidos
que o sustentam com os abutres provindos da noite escura do golpe onde
são invisíveis.
Eu afirmaria que os bandidos que dão sustentação ao referido por
nosso teólogo são delinquentes. Os delinquentes são bandidos porque não
respeitam as leis organizadas e instituídas pela maioria do povo
iluminado pela justiça.
Daí os bandidos e delinquentes esforçam-se para cobrir nosso País de
trevas. Estas levam o nome de redução da idade penal no afã de destruir a
juventude, notadamente os pobres que eles odeiam; de terceirização como
massacre dos direitos dos trabalhadores; de parlamentarismo como espaço
de manobra a favor da transformação dos esgotos deles em mansões de
privilégios; do golpe de Estado para derrubar a Presidenta, jogar o País
no caos e eles aparecerem como salvadores.
O bandido e delinquente Eduardo Cunha acompanha-se de outros do seu
mesmo perfil ideológico como Aécio Neves, cuja vida privada e pública é
plena de obscuridade e compromissos com os crimes de lesa pátria. Ambos
se juntam com o não menos delinquente de vida particular e pública
obscura, o senhor José Serra. Todos apoiados pelo príncipe das trevas da
privataria, Fernando Henrique Cardoso.
Daí para frente acumulam-se os obstáculos não percebidos pelo senso
comum capturado e insensível como as bancadas da Bíblia, da bola, da
bala, do boi, dos bancos e de outros ciscos fétidos. O que se vê é um País dividido pelas trevas reforçadas pelos
delinquentes a serviço da águia do mal, que voa nas surdinas desde o
Norte do Continente, com o objetivo de abocanhar nossas riquezas.
As trevas entraram no Palácio do Planalto em forma de enfraquecimento
das forças de apoio ao projeto que nasceu nas lutas contra a ditadura e
tomou corpo com a eleição de Lula. Os movimentos de junho de 2013
pareceram para muitos inocentes como reivindicações de mudanças. No
entanto, eram manipulações da opinião pública para eleger a direita com
sua mesquinhez com relação aos direitos sociais.
As trevas mantêm o governo acuado e fazem de tudo para derrotar os
investimentos sociais, os direitos e os avanços. A chantagem tumultua o
processo com o objetivo de sangrar os sonhos de libertação para devolver
o poder aos interesses deles. O retrocesso está desenhado, com o golpe
arquitetado com cada vez mais viabilidade.
Porém, a luz não abandona a vida assim de modo fácil ou difícil. Ela penetra por entre os tecidos da noite. Por isso é preciso ver e ouvir as vozes dos que a percebem. Do lado
do povo há movimentos muito fortes no enfrentamento dos desejos dos
bandidos e delinquentes golpistas.
O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto denunciam o golpe que os
delinquentes de direita ameaçam. Com a mesma força os vários grupos dos
Movimentos dos Sem Terra. Idem com as Centrais Sindicais e os
sindicatos. Na mesma linha os movimentos sociais. Na perspectiva da
união os partidos da base do governo e os de esquerda também defendem o
legado da justiça social. O PCdoB acabou de emitir uma resolução na qual
denuncia a delinquência do golpe e conclama o povo à resistência e à
unidade.
As mais amplas forças comprometidas com as transformações políticas,
econômicas e sociais organizam plataforma unitária para barrar o golpe e
defender a democracia. "Em manifesto, militantes de movimentos
populares, sindicais, pastorais e partidos políticos reagem ao golpismo
da oposição contra a presidente Dilma Rousseff. O grupo também denuncia
'justiceiros' do Judiciário, em referência à condução da Lava Jato pelo
juiz Sérgio Moro e pela força-tarefa do MP".
O manifesto não nega os erros cometidos pelo governo e por lideranças
populares, mas critica o uso como desculpa para o golpe. "Um consórcio
entre forças políticas conservadoras, o oligopólio da mídia, setores do
judiciário e da Polícia trabalham para quebrar a legalidade democrática.
Aproveitam-se para isto de erros cometidos por setores democráticos e
populares, entre os quais aqueles cometidos pelo governo federal. Os que
assinam este Manifesto não confundem as coisas: estamos na linha de
frente da luta por mudanças profundas no país, por outra política
econômica, contra o ajuste fiscal e contra a corrupção. E por isto mesmo
não aceitaremos nenhuma quebra da legalidade."
Por sua vez "os petroleiros que participaram da 5ª Plenária Nacional
da FUP, na Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema (SP),
aprovaram na tarde deste domingo (05) um calendário de lutas em defesa
da Petrobras e do pré-sal, inclusive um indicativo de greve nacional
contra a venda de ativos da estatal e em defesa do pré-sal."
Vozes de intelectuais, de trabalhadores, humoristas, artistas, escritores se unem para salvar a democracia. Neste sentido senti muita alegria ao ver Leonardo Boff
numa praça, como os filósofos da Grécia antiga, dando aula para
milhares de pessoas que reagem ao golpe das trevas, sempre urdido pela
direita sem projeto e sem respeito.
Além de definir Eduardo Cunha como bandido, Boff analisou a grave
situação pela qual passamos sem negar crítica aos erros políticos da
Presidenta e o uso que a direita faz articuladamente com o
fundamentalismo, com a mídia e com todas as forças apeiadas do poder
pelo voto popular.
Nosso teólogo entrevê esperança de salvação do sonho dos pobres e da democracia quando o povo se une para lutar. É como dizem os zapatistas do México: "há os que dormem a noite
inteira enquanto a aurora se aproxima, importa-nos lutar acordados para
encurtar a noite e apressar o amanhecer".
É isso que nos cabe como povo: lutar para encurtar a noite que enche o
País das trevas do ódio, das manipulações, da delinquência por parte de
quem deveria incentivar a prática das leis, das ameaças à democracia,
que paga o preço por elevar as condições do povo à categorias mais
humanas e participativas.
A Grécia dos antigos filósofos, poetas e heróis que ensinaram
política deu o primeiro grito para derrotar o rentismo que traz fome,
miséria e destruição humana. Sigamos o exemplo. É a hora da vitória do
povo do povo contra os exploradores representados pelos bancos e pela
mídia golpista.
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