A
ascensão do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), capaz de
ocupar em horas terrenos destinados à especulação imobiliária a algumas
quadras do estádio da Copa do Mundo em São Paulo, confirma que, no
Brasil, as organizações sociais ainda contam com um peso equivalente, e
às vezes com maior poder de convocação, ao dos partidos progressistas. O
MTST participou das marchas multitudinárias de junho de 2013 e voltou a
fazê-lo nas do ano passado, mas sem se prestar à armadilha
desestabilizadora realizada pela direita, interessada no fracasso (que
não houve) da Copa do Mundo.
“Acho
que 2015 será um ano movido a protestos de rua e greves”, antecipa
Guilherme Boulos, líder dos “sem teto”, enquanto milhares de
trabalhadores da Volkswagen continuavam a greve contra a demissão de 800
companheiros, recebendo a solidariedade dos trabalhadores da Mercedes
Benz e da Ford. Na sexta-feira, a polícia paulista, investigada pela ONU
por execuções extrajudiciais, reprimiu com certo exibicionismo a marcha
de vários movimentos sociais e estudantis contra o aumento da tarifa do
transporte.
“A
única forma de garantir conquistas é nos mobilizando”, assegurou o
jovem Boulos durante a entrevista concedida ao Página/12, na qual falou
de seu encontro com Lula para formar uma frente de esquerda. Também
disse estar disposto a dialogar com a presidenta Dilma Rousseff e
comentou declarações do ministro Axel Kicillof.
Que balanço você faz da sua reunião com o Lula?
Consideramos
importante e interessante que o Partido dos Trabalhadores e o
presidente Lula defendam uma agenda de esquerda, o que levaria ao
enfrentamento em relação a grupos que participam do governo da
presidenta Dilma. Se isso acontecer, significará um avanço na conjuntura
brasileira. Essa pauta de esquerda ainda está sendo discutida. Para que
essa proposta não seja retórica, terá que fazer frente às elites, um
enfrentamento que nem o PT nem o Lula fizeram nos últimos anos. A
política implementada por Lula em seus oito anos de governo foi
conservadora do ponto de vista das reformas que interessam aos setores
populares. Garantiu o aumento do investimento social, mas garantiu mais
lucros às elites que historicamente dominaram o Brasil.
Vocês estão céticos quanto à posição que será adotada por Lula?
Nós
vemos o Lula como um dos dirigentes comprometidos com a política deste
governo. Mas não somos sectários. Vamos esperar. As coisas acontecem no
concreto, a prática é o critério do que é verdade. Hoje, no Brasil, não é
possível derrubar qualquer privilégio sem que haja amplas mobilizações.
São essas ações massivas que dão respaldo às reformas estruturais de
que precisamos. Sabemos que o PT dirige instrumentos importantes de
mobilização, como a maior central sindical do país (Central Única dos
Trabalhadores), tem influência sobre vários movimentos sociais. O que
vai definir se tudo isso é só retórica é ver se o PT trabalhará a sério
para ocupar as ruas.
Qual é a agenda reivindicada pelo MTST?
Uma
agenda de esquerda, o que significa lutar pela reforma política. Isso
supõe o fim do financiamento privado das campanhas eleitorais e a
democratização dos meios de comunicação. Supõe leis que garantam mais
participação popular, uma reforma tributária, uma auditoria da dívida
pública, reforma urbana, reforma agrária. Reconheçamos que é ilusão
supor que o Congresso, dominado por grupos reacionários, vá dar respaldo
a essas reivindicações. Dou um exemplo: Eduardo Cunha, líder do bloco
do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), um partido
fundamental no governo, já disse que se opõe radicalmente à democracia
nos meios de comunicação.
O MTST dialoga com Lula e não participou com o PT das festas da posse de Dilma.
São
duas coisas compatíveis. Quero esclarecer que não vemos qualquer
diferença de projeto entre Dilma e Lula. Agora, se o MTST tem uma
posição muito crítica a esse modelo, somos um movimento não sectário,
dialogamos com a presidenta em 2014. dialogamos com vários grupos com os
quais temos divergências porque somos um grupo com reivindicações
concretas de moradias populares. Para ter conquistas, é necessário
debater políticas públicas, é necessário fazer pressão.
Boulos,
de 32 anos, espera alguns segundos antes de começar cada resposta,
talvez como reflexo de sua formação profissional – é professor de
filosofia e psicanálise. Seu batismo de fogo ocorreu em 2014, quando
encabeçou colunas de milhares de cidadãos sem teto, a versão urbana dos
combatidos trabalhadores rurais sem-terra, o MST. Do mesmo modo que o
MST, os sem-teto cultivam uma relação pendular com os governos do PT,
apesar de o grosso de sua militância ter votado em Lula e Dilma. O
problema, afirma Boulos, é que, para além das opções eleitorais, o dado
“objetivo” está no esgotamento do modelo iniciado em 2003.
Explique-nos em que consiste esse esgotamento.
Primeiro,
devemos ter em mente que o Brasil deixou de ter o crescimento econômico
que houve até 2010. Nos últimos quatro anos, houve um crescimento
medíocre e a tendência é que a situação continue igual em 2015 e
possivelmente nos anos posteriores. Isso coloca o governo em uma
encruzilhada dado que é inviável a fórmula exitosa de distribuir renda
permitindo aumentar a classe média. O petismo se caracterizou por
aumentar o salário mínimo, realizar investimento social, mas ao mesmo
tempo os banqueiros, as empresas de construção civil e o agronegócio
obtinham lucros recorde. O governo está em uma encruzilhada: ou opta por
dar resposta aos pobres ou continua com o ajuste.
O MTST é aliado ou inimigo do governo?
O
fato de o MTST ser um crítico ferrenho do governo não significa que
coloquemos os governos Dilma e Lula no mesmo nível da direita nacional.
Sabemos que existem alianças, compromissos entre o PT e a direita
tradicional, mas eles não são a mesma coisa. Apesar de seu progressismo
limitado, este governo não é o mesmo que um governo do capital
financeiro puro sangue. O MTST adota uma posição independente e crítica
de Dilma, não só frente a nomeação de ministros identificados com a
direita, como o da Fazenda (Joaquim Levy), ou a ministra da Agricultura,
Kátia Abreu, que é uma delinquente. Dilma optou por uma governabilidade
conservadora em vez de se apoiar nos movimentos populares. Essa opção
leva a concessões cada vez mais graves e ao não cumprimento de demandas
populares elementares que outros governos da região fizeram. Isso quer
dizer que é possível conseguir mais avanços em vários temas, mas o pacto
com os conservadores impede isso.
Em quais temas, especificamente?
Para
responder, vou fazer uma breve comparação com a Argentina. No Brasil,
os governos dos últimos doze anos não fizeram várias coisas
impulsionadas pelos governos dos Kirchner. Sabemos que esses governos
tiveram e têm contradições, mas na Argentina se reestatizou a YPF,
enfrentaram-se os fundos financeiros especulativos, houve uma política
que procurou a democratização das comunicações.
A DIREITA TOMA AS RUAS
O MTST sai às ruas, mas a direita também, e com demandas desestabilizadoras.
Na
campanha eleitoral (concluída com a reeleição de Dilma), o setor mais
atrasado e reacionário da direita saiu do armário em que estava
guardado. E saiu com tudo: defendendo o racismo, as forças armadas,
criminalizando as lutas sociais, semeando ódio aos pobres, aos
homossexuais. São setores que não admitem o PT no governo, nem sequer
este PT, com seu programa de tímidas reformas sociais. São setores que
estão encastelados nos meios de comunicação, no Congresso, nos partidos
tradicionais.
Você teme um retorno da direita?
Não
existem condições para um golpe de Estado no Brasil… o que vemos é que
estamos diante de processos progressistas que ocorrem em vários países
simultaneamente e que são duramente atacados. Existem operações
golpistas contra o governo bolivariano da Venezuela, existem fortes
ataques contra o governo argentino. Nota-se também como alguns ataques
parecem ser coordenados, e parece que está acontecendo isso agora na
Argentina e no Brasil, como disse há alguns dias o ministro Axel
Kicillof.
Ao estabelecer paralelos entre a situação da Petrobras e a ação contra a Argentina em Nova York…
Li
que a declaração do ministro Kicillof na internet e considero que é um
ponto de vista razoável, porque é mais que evidente que tanto o Brasil
como a Argentina estão na mira de grupos financeiros interessados na
Petrobras. Não desconhecemos que haja uma corrupção endêmica no Estado
brasileiro, porque existem interesses privados metidos na condução da
máquina estatal, as construtoras estão metidas no caso da Petrobras. Mas
esse caso se transformou em uma desculpa para uma campanha no sentido
de privatizar a empresa. O mesmo que se fez nos anos 90 com o governo
neoliberal de Fernando Henrique Cardoso, com campanhas para desmoralizar
outras empresas públicas, mais tarde privatizadas a preço de banana.
NA ESPANHA, PODEMOS
Existem pontos de correlação entre o progressismo latino-americano e o movimento espanhol Podemos?
Certamente,
isso tem relação com o fato de que, nos últimos quinze anos, houve um
processo de enfrentamento ao neoliberalismo aqui e na Europa. Isso teve
como motor inicial a própria América Latina, onde logo após os ajustes
da década de 90, surgiram as experiências bolivarianas e as dos outros
governos progressistas em geral, o que resultou em um processo de
avanços que está sendo atacado de forma muito dura. Existe um processo
de latino-americanização da Europa a partir de 2008, 2010, quando a
crise pegou forte os países mais frágeis, onde vários direitos sociais
foram perdidos nas mãos da onda neoliberal imposta com mão de ferro pelo
capital financeiro alemão.
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A ascensão do Movimento dos Trabalhadores
Sem-Teto (MTST), capaz de ocupar em horas terrenos destinados à especulação
imobiliária a algumas quadras do estádio da Copa do Mundo em São Paulo,
confirma que, no Brasil, as organizações sociais ainda contam com um peso
equivalente, e às vezes com maior poder de convocação, ao dos partidos
progressistas. O MTST participou das marchas multitudinárias de junho de 2013 e
voltou a fazê-lo nas do ano passado, mas sem se prestar à armadilha
desestabilizadora realizada pela direita, interessada no fracasso (que não
houve) da Copa do Mundo.
“Acho que 2015 será um ano movido a protestos de rua e greves”, antecipa
Guilherme Boulos, líder dos “sem teto”, enquanto milhares de trabalhadores da
Volkswagen continuavam a greve contra a demissão de 800 companheiros, recebendo
a solidariedade dos trabalhadores da Mercedes Benz e da Ford. Na sexta-feira, a
polícia paulista, investigada pela ONU por execuções extrajudiciais, reprimiu
com certo exibicionismo a marcha de vários movimentos sociais e estudantis
contra o aumento da tarifa do transporte.
“A única forma de garantir conquistas é nos mobilizando”, assegurou o jovem
Boulos durante a entrevista concedida ao Página/12, na qual falou de seu
encontro com Lula para formar uma frente de esquerda. Também disse estar
disposto a dialogar com a presidenta Dilma Rousseff e comentou declarações do
ministro Axel Kicillof.
Que balanço você faz da sua reunião com o Lula?
Consideramos importante e interessante que o Partido dos Trabalhadores e o
presidente Lula defendam uma agenda de esquerda, o que levaria ao enfrentamento
em relação a grupos que participam do governo da presidenta Dilma. Se isso
acontecer, significará um avanço na conjuntura brasileira. Essa pauta de
esquerda ainda está sendo discutida. Para que essa proposta não seja retórica,
terá que fazer frente às elites, um enfrentamento que nem o PT nem o Lula
fizeram nos últimos anos. A política implementada por Lula em seus oito anos de
governo foi conservadora do ponto de vista das reformas que interessam aos
setores populares. Garantiu o aumento do investimento social, mas garantiu mais
lucros às elites que historicamente dominaram o Brasil.
Vocês estão céticos quanto à posição que será adotada por Lula?
Nós vemos o Lula como um dos dirigentes comprometidos com a política deste
governo. Mas não somos sectários. Vamos esperar. As coisas acontecem no
concreto, a prática é o critério do que é verdade. Hoje, no Brasil, não é
possível derrubar qualquer privilégio sem que haja amplas mobilizações. São
essas ações massivas que dão respaldo às reformas estruturais de que
precisamos. Sabemos que o PT dirige instrumentos importantes de mobilização,
como a maior central sindical do país (Central Única dos Trabalhadores), tem
influência sobre vários movimentos sociais. O que vai definir se tudo isso é só
retórica é ver se o PT trabalhará a sério para ocupar as ruas.
Qual é a agenda reivindicada pelo MTST?
Uma agenda de esquerda, o que significa lutar pela reforma política. Isso supõe
o fim do financiamento privado das campanhas eleitorais e a democratização dos
meios de comunicação. Supõe leis que garantam mais participação popular, uma
reforma tributária, uma auditoria da dívida pública, reforma urbana, reforma
agrária. Reconheçamos que é ilusão supor que o Congresso, dominado por grupos
reacionários, vá dar respaldo a essas reivindicações. Dou um exemplo: Eduardo
Cunha, líder do bloco do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), um
partido fundamental no governo, já disse que se opõe radicalmente à democracia
nos meios de comunicação.
O MTST dialoga com Lula e não participou com o PT das festas da posse
de Dilma.
São duas coisas compatíveis. Quero esclarecer que não vemos qualquer diferença
de projeto entre Dilma e Lula. Agora, se o MTST tem uma posição muito crítica a
esse modelo, somos um movimento não sectário, dialogamos com a presidenta em
2014. dialogamos com vários grupos com os quais temos divergências porque somos
um grupo com reivindicações concretas de moradias populares. Para ter
conquistas, é necessário debater políticas públicas, é necessário fazer
pressão.
Boulos, de 32 anos, espera alguns segundos antes de começar cada resposta,
talvez como reflexo de sua formação profissional – é professor de filosofia e
psicanálise. Seu batismo de fogo ocorreu em 2014, quando encabeçou colunas de
milhares de cidadãos sem teto, a versão urbana dos combatidos trabalhadores
rurais sem-terra, o MST. Do mesmo modo que o MST, os sem-teto cultivam uma
relação pendular com os governos do PT, apesar de o grosso de sua militância
ter votado em Lula e Dilma. O problema, afirma Boulos, é que, para além das
opções eleitorais, o dado “objetivo” está no esgotamento do modelo iniciado em
2003.
Explique-nos em que consiste esse esgotamento.
Primeiro, devemos ter em mente que o Brasil deixou de ter o crescimento
econômico que houve até 2010. Nos últimos quatro anos, houve um crescimento
medíocre e a tendência é que a situação continue igual em 2015 e possivelmente
nos anos posteriores. Isso coloca o governo em uma encruzilhada dado que é
inviável a fórmula exitosa de distribuir renda permitindo aumentar a classe
média. O petismo se caracterizou por aumentar o salário mínimo, realizar
investimento social, mas ao mesmo tempo os banqueiros, as empresas de
construção civil e o agronegócio obtinham lucros recorde. O governo está em uma
encruzilhada: ou opta por dar resposta aos pobres ou continua com o
ajuste.
O MTST é aliado ou inimigo do governo?
O fato de o MTST ser um crítico ferrenho do governo não significa que
coloquemos os governos Dilma e Lula no mesmo nível da direita nacional. Sabemos
que existem alianças, compromissos entre o PT e a direita tradicional, mas eles
não são a mesma coisa. Apesar de seu progressismo limitado, este governo não é
o mesmo que um governo do capital financeiro puro sangue. O MTST adota uma
posição independente e crítica de Dilma, não só frente a nomeação de ministros
identificados com a direita, como o da Fazenda (Joaquim Levy), ou a ministra da
Agricultura, Kátia Abreu, que é uma delinquente. Dilma optou por uma governabilidade
conservadora em vez de se apoiar nos movimentos populares. Essa opção leva a
concessões cada vez mais graves e ao não cumprimento de demandas populares
elementares que outros governos da região fizeram. Isso quer dizer que é
possível conseguir mais avanços em vários temas, mas o pacto com os
conservadores impede isso.
Em quais temas, especificamente?
Para responder, vou fazer uma breve comparação com a Argentina. No Brasil, os
governos dos últimos doze anos não fizeram várias coisas impulsionadas pelos
governos dos Kirchner. Sabemos que esses governos tiveram e têm contradições,
mas na Argentina se reestatizou a YPF, enfrentaram-se os fundos financeiros
especulativos, houve uma política que procurou a democratização das
comunicações.
A DIREITA TOMA AS RUAS
O MTST sai às ruas, mas a direita também, e com demandas
desestabilizadoras.
Na campanha eleitoral (concluída com a reeleição de Dilma), o setor mais
atrasado e reacionário da direita saiu do armário em que estava guardado. E
saiu com tudo: defendendo o racismo, as forças armadas, criminalizando as lutas
sociais, semeando ódio aos pobres, aos homossexuais. São setores que não
admitem o PT no governo, nem sequer este PT, com seu programa de tímidas
reformas sociais. São setores que estão encastelados nos meios de comunicação,
no Congresso, nos partidos tradicionais.
Você teme um retorno da direita?
Não existem condições para um golpe de Estado no Brasil… o que vemos é que
estamos diante de processos progressistas que ocorrem em vários países
simultaneamente e que são duramente atacados. Existem operações golpistas
contra o governo bolivariano da Venezuela, existem fortes ataques contra o
governo argentino. Nota-se também como alguns ataques parecem ser coordenados,
e parece que está acontecendo isso agora na Argentina e no Brasil, como disse
há alguns dias o ministro Axel Kicillof.
Ao estabelecer paralelos entre a situação da Petrobras e a ação
contra a Argentina em Nova York…
Li que a declaração do ministro Kicillof na internet e considero que é um ponto
de vista razoável, porque é mais que evidente que tanto o Brasil como a
Argentina estão na mira de grupos financeiros interessados na Petrobras. Não
desconhecemos que haja uma corrupção endêmica no Estado brasileiro, porque
existem interesses privados metidos na condução da máquina estatal, as
construtoras estão metidas no caso da Petrobras. Mas esse caso se transformou
em uma desculpa para uma campanha no sentido de privatizar a empresa. O mesmo
que se fez nos anos 90 com o governo neoliberal de Fernando Henrique Cardoso,
com campanhas para desmoralizar outras empresas públicas, mais tarde
privatizadas a preço de banana.
NA ESPANHA, PODEMOS
Existem
pontos de correlação entre o progressismo latino-americano e o movimento
espanhol Podemos?
Certamente, isso tem relação com o fato de que, nos últimos quinze anos, houve
um processo de enfrentamento ao neoliberalismo aqui e na Europa. Isso teve como
motor inicial a própria América Latina, onde logo após os ajustes da década de
90, surgiram as experiências bolivarianas e as dos outros governos
progressistas em geral, o que resultou em um processo de avanços que está sendo
atacado de forma muito dura. Existe um processo de latino-americanização da
Europa a partir de 2008, 2010, quando a crise pegou forte os países mais
frágeis, onde vários direitos sociais foram perdidos nas mãos da onda
neoliberal imposta com mão de ferro pelo capital financeiro alemão.