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Indígenas da etnia Pataxó fecharam nesta
quinta-feira, 27, entre 4h30 e 6h, os dois sentidos da BR-367, no
distrito de Coroa Vermelha, município de Santa Cruz de Cabrália, 734 km
de Salvador. Eles protestaram contra a reintegração de posse de 15
propriedades rurais realizada na véspera por prepostos da Policia
Federal, Civil e Militar.
Com toras incendiadas e atravessadas na
rodovia, que embora sendo uma BR está sob a responsabilidade do estado,
eles reivindicaram a demarcação das terras, alegando que as áreas que
lhes foram destinadas pelo Governo Federal não suprem suas necessidades
de sobrevivência.
O delegado da Policia Federal de Porto
Seguro, Pancho Rivas, revelou á imprensa que a operação de reintegração
foi encerrada na noite de quarta-feira, 26, com sucesso no cumprimento
da ordem da Justiça Federal de Eunápolis, através do juiz Alex Schramm
de Rocha.
Estas propriedades produtoras de frutas,
café, cacau e pecuária entre outras atividades, estavam ocupadas por
indígenas da tribo Pataxó, desde abril deste ano em diversos municípios
do extremo sul baiano como Porto Seguro, Santa Cruz Cabrália, Itabela e
Itamaraju.
“Fomos recebidos com pedras e flechas.
Três pontes foram quebradas, sendo que uma delas também foi incendiada”,
afirmou o delegado, destacando que para dificultar o acesso dos
policiais às áreas que foram reintegradas, eles também encontraram um
veículo tipo corsa queimado e atravessado em uma estrada vicinal.
Rivas enfatizou que pastagens foram
queimadas e roças dizimadas na área que foi reintegrada, tanto pela ação
direta dos invasores, tanto pela falta de cuidado com as roças durante
cerca de meio ano que os proprietários estiveram expulsos de suas áreas,
reivindicadas e ocupadas pelos indígenas.
Sumiço de fazendeiro
Suspeitos de matar por vingança o
produtor rural Raimundo Rodrigues Santos, 55 anos, desaparecido desde o
dia 9 de agosto deste ano, os indígenas Pataxó Lourisvaldo da Conceição
Braz e Valtenor Silva do Nascimento, foram denunciados pelo Ministério
Público Federal (MPF) através do procurador da república Edson Abdon.
Ambos estão presos há cerca de um mês e
conforme a denúncia do MPF, acatada pela Justiça Federal, são acusados
dos crimes de sequestro, cárcere privado, homicídio qualificado
(impossibilitando a defesa da vítima), além de ocultação de cadáver,
somando uma pena que pode chegar a mais de 40 anos de reclusão e multa.
De acordo com o apurado pela Policia
Federal, no dia do seu desaparecimento, Raimundo Santos (acusado pelos
indígenas de tentativa homicídio contra três Patáxos) e o vaqueiro
Manoel Messias Cardoso estiveram na propriedade da família – que estava
ocupada desde 24 de abril – para retirar animais.
O vaqueiro, que conseguiu fugir, revelou
para a polícia que um grupo de homens armados da etnia Pataxó teria
cercado os dois e amarrado Raimundo, que nunca mais foi visto. O carro
da vítima foi localizado queimado em uma estrada vicinal.
Advogado de Valtenor Nascimento, Artur
Silveira, disse que não há nenhuma prova contra seu cliente “que é réu
primário, tem profissão e residência fixa, o que lhe dá o direito de
responder em liberdade”. No entanto, acrescentou que a justiça local
negou o pedido de soltura e que vai recorrer em instância superior.
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