quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Indígenas fecham BR contra reintegração de posse de terra

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Indígenas da etnia Pataxó fecharam nesta quinta-feira, 27, entre 4h30 e 6h, os dois sentidos da BR-367, no distrito de Coroa Vermelha, município de Santa Cruz de Cabrália, 734 km de Salvador. Eles protestaram contra a reintegração de posse de 15 propriedades rurais realizada na véspera por prepostos da Policia Federal, Civil e Militar.
Com toras incendiadas e atravessadas na rodovia, que embora sendo uma BR está sob a responsabilidade do estado, eles reivindicaram a demarcação das terras, alegando que as áreas que lhes foram destinadas pelo Governo Federal não suprem suas necessidades de sobrevivência.
O delegado da Policia Federal de Porto Seguro, Pancho Rivas, revelou á imprensa que a operação de reintegração foi encerrada na noite de quarta-feira, 26, com sucesso no cumprimento da ordem da Justiça Federal de Eunápolis, através do juiz Alex Schramm de Rocha.
Estas propriedades produtoras de frutas, café, cacau e pecuária entre outras atividades, estavam ocupadas por indígenas da tribo Pataxó, desde abril deste ano em diversos municípios do extremo sul baiano como Porto Seguro, Santa Cruz Cabrália, Itabela e Itamaraju.
“Fomos recebidos com pedras e flechas. Três pontes foram quebradas, sendo que uma delas também foi incendiada”, afirmou o delegado, destacando que para dificultar o acesso dos policiais às áreas que foram reintegradas, eles também encontraram um veículo tipo corsa queimado e atravessado em uma estrada vicinal.
Rivas enfatizou que pastagens foram queimadas e roças dizimadas na área que foi reintegrada, tanto pela ação direta dos invasores, tanto pela falta de cuidado com as roças durante cerca de meio ano que os proprietários estiveram expulsos de suas áreas, reivindicadas e ocupadas pelos indígenas.
Sumiço de fazendeiro                                                                                  
Suspeitos de matar por vingança o produtor rural Raimundo Rodrigues Santos, 55 anos, desaparecido desde o dia 9 de agosto deste ano, os indígenas Pataxó Lourisvaldo da Conceição Braz e Valtenor Silva do Nascimento, foram denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) através do procurador da república Edson Abdon.
Ambos estão presos há cerca de um mês e conforme a denúncia do MPF, acatada pela Justiça Federal, são acusados dos crimes de sequestro, cárcere privado, homicídio qualificado (impossibilitando a defesa da vítima), além de ocultação de cadáver, somando uma pena que pode chegar a mais de 40 anos de reclusão e multa.
De acordo com o apurado pela Policia Federal, no dia do seu desaparecimento, Raimundo Santos (acusado pelos indígenas de tentativa homicídio contra três Patáxos) e o vaqueiro Manoel Messias Cardoso estiveram na propriedade da família – que estava ocupada desde 24 de abril – para retirar animais.
O vaqueiro, que conseguiu fugir, revelou para a polícia que um grupo de homens armados da etnia Pataxó teria cercado os dois e amarrado Raimundo, que nunca mais foi visto. O carro da vítima foi localizado queimado em uma estrada vicinal.
Advogado de Valtenor Nascimento, Artur Silveira, disse que não há nenhuma prova contra seu cliente “que é réu primário, tem profissão e residência fixa, o que lhe dá o direito de responder em liberdade”. No entanto, acrescentou que a justiça local negou o pedido de soltura e que vai recorrer em instância superior.

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