São Paulo – Os dois principais atos do 1º de Maio em São Paulo vão
contrapor, além de posições distintas sobre o Projeto de Lei 4.330,
sobre terceirização, setores políticos cada vez mais antagônicos. No
palanque da CUT, CTB e Intersindical, além de movimentos populares,
estará o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ausente há alguns anos
desse tipo de manifestação. Ao da Força Sindical, irá o candidato
derrotado à Presidência pelo PSDB, senador Aécio Neves, além do
presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que comanda
uma agenda conservadora no Parlamento.
A mobilização organizada por CUT, CTB, Intersindical, Central
dos Movimentos Populares (CMP), Marcha Mundial de Mulheres, Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Trabalhadores
Sem-Teto (MTST) e União Nacional dos Estudantes (UNE), entre outros, vai
ocorrer no Vale do Anhangabaú, na região central, a partir das 10h, com
um ato ecumênico, seguido de atividades políticas e, por fim,
apresentações musicais. A Força, que terminou defendendo o PL, faz seu
ato na praça Campo de Bagatelle, na zona norte da capital.
Para movimentos e centrais, o PL 4.330 representa a
precarização das relações de trabalho no país, com enfraquecimento dos
sindicatos e o fim dos direitos trabalhistas como férias, FGTS e 13º
salário. Da forma como foi aprovado na Câmara dos Deputados, no último
dia 22, o projeto permite a terceirização de qualquer função nas
empresas, o que, segundo os trabalhadores, só favorece aos empresários. “Será
um marco da luta e da resistência dos trabalhadores para fazer o
enfrentamento nas ruas contra esse PL 4.330, que unifica toda a esquerda
e o movimento sindical numa batalha para não acabar com carteira
assinada”, diz o presidente da CUT, Vagner Freitas.
Na última terça-feira (28), CUT, UGT, CTB e Nova Central reuniram-se
com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para pedir ampla
negociação e diálogo sobre o PL 4.330, que começará a tramitar naquela
Casa. Os trabalhadores, no entanto, não descartam uma greve geral caso o
projeto da terceirização avance.
O presidente da CUT espera que o ato de amanhã seja "um marco
inicial para unificação da esquerda brasileira, da construção de um
bloco da esquerda que leve em conta sindicatos, movimentos sociais e
até partidos políticos que tenham em comum o interesse da defesa da
classe trabalhadora, da liberdade e da democracia". Freitas avalia que
"a direita conservadora tentará trazer o retrocesso ao país e
conseguirá, se não fizermos enfrentamento".
As entidades também criticam a proposta de ajuste fiscal, que prevê
cortes de gastos de até R$ 22 bilhões em todos os ministérios, pois
avaliam que vai prejudicar os trabalhadores, causar desemprego e
recessão. Eles defendem a taxação das grandes fortunas e a auditoria da
dívida pública como forma de melhorar as contas dos governos. As
centrais vão se manifestar ainda contra manifestações de caráter conservador que veem ocorrendo pelo país e em defesa da Petrobras.
“Este 1º de Maio será um grito pela liberdade, pela democracia e pela
construção de uma sociedade menos desigual. Para isso, precisamos de
uma reforma política com o fim do financiamento empresarial de campanha,
precisamos da regulação dos meios de comunicação para que tenhamos
democracia e pluralidade, para que avancem pautas trabalhistas como a
redução da jornada de trabalho sem redução de salário e a regulamentação
do direito de greve”, afirma Freitas.
Após o ato político, a partir das 13h, estão previstos shows de Alceu
Valença, Leci Brandão, Rappin Hood, GOG, Thobias da Vai-Vai e Elizeth
Rosa. Haverá, ainda, espaço de convivência e alimentação, além de
unidades móveis de atendimento e outros serviços à população.
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