O caos tomou conta de alguns pontos da
cidade no fim da tarde de ontem, em decorrência de protestos realizados
por rodoviários contrários ao cancelamento da greve. Em assembleias, a
categoria e os empresários aprovaram a proposta apresentada pela
Superintendência Regional do Trabalho e Emprego da Bahia (SRTE-BA), de
reajuste salarial de 10%. No entanto, grupos dissidentes pararam a
cidade. O secretário de Mobilidade Urbana, Fábio Mota, tentou acordo
durante a noite de ontem, mas rodoviários decidiram manter paralisação
parcial.
De acordo com o diretor de comunicação do Sindicato dos Trabalhadores
em Transporte Rodoviários no Estado da Bahia (Sintroba), Daniel Mota,
aproximadamente 500 trabalhadores foram a favor da proposta, e apenas 20
rodoviários não aceitaram o acordo.
“Não teve abstenção, e a nossa surpresa é quanto ao que alguns companheiros fizeram, como atravessar ônibus na Lapa. A gente entende que em um processo democrático de direito tenha contraditório, mas o que estão fazendo nós não admitimos. A imprensa, inclusive, estava presente durante a votação. O fórum não é na rua – impedindo o direito de ir e vir das pessoas –, o fórum é na assembleia”, disse.
Mota chegou a ser expulso da manifestação realizada por um grupo de
rodoviários na Estação da Lapa, após tentar negociar com os
manifestantes, numa tentativa de evitar mais prejuízos à população.
A acusação dos que protestam contra o cancelamento da greve é que a
votação não teria tido participação de toda a categoria. ”Antes de a
gente chegar, o sindicato se juntou com seus seguranças – coisa que
fazem todos os anos – e aprovaram essa pauta que não nos satisfaz. Mesmo
achando pouco, tínhamos aceitado a proposta do Ministério Público, de
10,75%, porque achamos maleável. Só que essa, não. As pessoas que
estavam durante a assembleia não eram rodoviários”, alegou o motorista
Leo Lanyerbs, que trabalha há 14 anos na área.
Pneus furados, tumulto e longa espera nas estações
O caos começou assim que a segunda assembleia terminou. Por volta das
16h45, os rodoviários contrários ao cancelamento da greve saíram da
sede do Sindicato dos Bancários, nos Aflitos, em direção à Estação da
Lapa. Alguns motoristas que estavam passando pelo Dique do Tororó foram
obrigados a parar, mesmo com o desejo de concluir o percurso. Pneus
foram furados enquanto passageiros se recusavam a descer. No início da
noite, três das principais estações de ônibus estavam paradas: Lapa,
Mussurunga e Pirajá. Nenhum ônibus entrava ou saía.
“Tinha quase 200 pessoas no ponto em frente à Igreja Universal.
Quando o ônibus de Brotas chegou, todo mundo começou a correr para
pegar, mas o ônibus parou e ficou. Todo mundo começou a reclamar e bater
no ônibus, só que o motorista disse que não podia fazer nada, que
mandaram ele parar”, informou Eroaldo Ferreira, 54.
DISCUSSÃO
A estudante Lindiane Silva, 22, ficou indignada e chegou a discutir com alguns rodoviários. “O que eles fizeram foi vandalismo. Eu tinha apenas uma passagem no Salvador Card, porque estava indo até a Lapa para carregar. Eles pararam os ônibus, tivemos que descer no meio do Dique. Ninguém sabia o que fazer. Eu acho isso de vandalismo, desrespeito com o próximo”, relatou.
A estudante Lindiane Silva, 22, ficou indignada e chegou a discutir com alguns rodoviários. “O que eles fizeram foi vandalismo. Eu tinha apenas uma passagem no Salvador Card, porque estava indo até a Lapa para carregar. Eles pararam os ônibus, tivemos que descer no meio do Dique. Ninguém sabia o que fazer. Eu acho isso de vandalismo, desrespeito com o próximo”, relatou.
Enquanto os protestantes fechavam estações e paravam ônibus,
moradores da capital baiana não sabiam como voltar para casa. Até 20h de
ontem, muitas pessoas aguardavam em pontos de ônibus. Informações
circularam nas redes sociais de que em alguns pontos, passageiros foram
vítimas de assalto.
Frota garantida para hoje
O secretário de municipal de Mobilidade Urbana, Fábio Mota, criticou a
ação dos contrários ao cancelamento da greve, além de apelar para o bom
senso dos trabalhadores.
“É inaceitável que essa minoria queira deliberadamente atuar para
tumultuar a cidade fazendo manifestações e atos isolados sem a menor
responsabilidade com os cidadãos. Salvador, que já enfrenta problemas
graves ocasionados pelas chuvas intensas, não pode ser penalizada por
uma questão política menor”, disse.
Em entrevista à Tribuna, Mota informou que, caso
aconteça paralisação nessa quarta-feira, a prefeitura colocará 300
ônibus do sistema complementar à disposição da população. Por volta das
20h30, mota se reuniu com os manifestantes que estavam concentrados na
Estação da Lapa. Os rodoviários pedem que seja acatada a proposta do
Ministério Público: reajuste de 10,75¨%. Mas Mota rebateu ressaltando
que o reajuste de 10% já é o maior do país.
Proposta SRTE
Além dos 10%, a proposta elaborada pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego na Bahia (SRTE) inclui ticket refeição no valor de R$15,40 com desconto máximo de 12% do seu valor; inclusão da contratação de mulheres nas áreas operacionais das empresas de transportes, observado os critérios de seleção e manutenção das clausulas da Convenção de 2014.
Além dos 10%, a proposta elaborada pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego na Bahia (SRTE) inclui ticket refeição no valor de R$15,40 com desconto máximo de 12% do seu valor; inclusão da contratação de mulheres nas áreas operacionais das empresas de transportes, observado os critérios de seleção e manutenção das clausulas da Convenção de 2014.
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