quinta-feira, 21 de maio de 2015

Greve dos rodoviários é cancelada, mas dissidentes pararam ônibus

O caos tomou conta de alguns pontos da cidade no fim da tarde de ontem, em decorrência de protestos realizados por rodoviários contrários ao cancelamento da greve. Em assembleias, a categoria e os empresários aprovaram a proposta apresentada pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego da Bahia (SRTE-BA), de reajuste salarial de 10%. No entanto, grupos dissidentes pararam a cidade. O secretário de Mobilidade Urbana, Fábio Mota, tentou acordo durante a noite de ontem, mas rodoviários decidiram manter paralisação parcial.

De acordo com o diretor de comunicação do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviários no Estado da Bahia (Sintroba), Daniel Mota, aproximadamente 500 trabalhadores foram a favor da proposta, e apenas 20 rodoviários não aceitaram o acordo.

“Não teve abstenção, e a nossa surpresa é quanto ao que alguns companheiros fizeram, como atravessar ônibus na Lapa. A gente entende que em um processo democrático de direito tenha contraditório, mas o que estão fazendo nós não admitimos. A imprensa, inclusive, estava presente durante a votação. O fórum não é na rua – impedindo o direito de ir e vir das pessoas –, o fórum é na assembleia”, disse.

Mota chegou a ser expulso da manifestação realizada por um grupo de rodoviários na Estação da Lapa, após tentar negociar com os manifestantes, numa tentativa de evitar mais prejuízos à população. 

A acusação dos que protestam contra o cancelamento da greve é que a votação não teria tido participação de toda a categoria. ”Antes de a gente chegar, o sindicato se juntou com seus seguranças – coisa que fazem todos os anos – e aprovaram essa pauta que não nos satisfaz. Mesmo achando pouco, tínhamos aceitado a proposta do Ministério Público, de 10,75%, porque achamos maleável. Só que essa, não. As pessoas que estavam durante a assembleia não eram rodoviários”, alegou o motorista Leo Lanyerbs, que trabalha há 14 anos na área.

Pneus furados, tumulto e longa espera nas estações
O caos começou assim que a segunda assembleia terminou. Por volta das 16h45, os rodoviários contrários ao cancelamento da greve saíram da sede do Sindicato dos Bancários, nos Aflitos, em direção à Estação da Lapa. Alguns motoristas que estavam passando pelo Dique do Tororó foram obrigados a parar, mesmo com o desejo de concluir o percurso. Pneus foram furados enquanto passageiros se recusavam a descer. No início da noite, três das principais estações de ônibus estavam paradas: Lapa, Mussurunga e Pirajá. Nenhum ônibus entrava ou saía. 

“Tinha quase 200 pessoas no ponto em frente à Igreja Universal. Quando o ônibus de Brotas chegou, todo mundo começou a correr para pegar, mas o ônibus parou e ficou. Todo mundo começou a reclamar e bater no ônibus, só que o motorista disse que não podia fazer nada, que mandaram ele parar”, informou Eroaldo Ferreira, 54.

DISCUSSÃO 
A estudante Lindiane Silva, 22, ficou indignada e chegou a discutir com alguns rodoviários. “O que eles fizeram foi vandalismo. Eu tinha apenas uma passagem no Salvador Card, porque estava indo até a Lapa para carregar. Eles pararam os ônibus, tivemos que descer no meio do Dique. Ninguém sabia o que fazer. Eu acho isso de vandalismo, desrespeito com o próximo”, relatou.

Enquanto os protestantes fechavam estações e paravam ônibus, moradores da capital baiana não sabiam como voltar para casa. Até 20h de ontem, muitas pessoas aguardavam em pontos de ônibus. Informações circularam nas redes sociais de que em alguns pontos, passageiros foram vítimas de assalto. 

Frota garantida para hoje 
O secretário de municipal de Mobilidade Urbana, Fábio Mota, criticou a ação dos contrários ao cancelamento da greve, além de apelar para o bom senso dos trabalhadores. 
“É inaceitável que essa minoria queira deliberadamente atuar para tumultuar a cidade fazendo manifestações e atos isolados sem a menor responsabilidade com os cidadãos. Salvador, que já enfrenta problemas graves ocasionados pelas chuvas intensas, não pode ser penalizada por uma questão política menor”, disse.

Em entrevista à Tribuna, Mota informou que, caso aconteça paralisação nessa quarta-feira, a prefeitura colocará 300 ônibus do sistema complementar à disposição da população. Por volta das 20h30, mota se reuniu com os manifestantes que estavam concentrados na Estação da Lapa. Os rodoviários pedem que seja acatada a proposta do Ministério Público: reajuste de 10,75¨%. Mas Mota rebateu ressaltando que o reajuste de 10% já é o maior do país.

Proposta SRTE
Além dos 10%, a proposta elaborada pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego na Bahia (SRTE) inclui ticket refeição no valor de R$15,40 com desconto máximo de 12% do seu valor; inclusão da contratação de mulheres nas áreas operacionais das empresas de transportes, observado os critérios de seleção e manutenção das clausulas da Convenção de 2014.

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