Pague logo. Mauro Ricardo quer castigar....
"Antigamente se botava as pessoas no pelourinho pra poder pagar as suas dívidas. Infelizmente, hoje não é mais assim. Hoje é a Justiça. É a Justiça quem define e o prazo é o prazo estabelecido pela Justiça”. A declaração é do secretário municipal da Fazenda, Mauro Ricardo, feita em uma rádio local, ao ser questionado por um ouvinte sobre a cobrança dos inadimplentes do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano).
A resposta do secretário tem gerado uma onda de manifestações de repúdio, por conta da associação feita ao pelourinho, que, no período de escravocrata, era utilizado para castigar escravos. Salvador tem a população de maioria afrodescendente, o que dá ao município o título de cidade mais negra do país.
Através de uma rede social, a presidenta do PCdoB-Salvador, Olívia Santana, falou sobre o assunto e considerou “estúpida” a declaração de Mauro. Ela também lembrou das acusações que recaem sobre o secretário sobre uma possível participação em um esquema de fraude de auditores na prefeitura de São Paulo, onde ele também foi secretário.
“Se ele for declarado culpado, defenderá a sua própria ida para o tronco para ser usado como exemplo? Esse Senhor não tem condições morais de ser secretário da Fazenda da capital que reúne o maior contingente populacional negro do país”, defende Olívia.
A seção baiana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-BA), através das comissões de Direitos Humanos e de Promoção da Igualdade Racial, emitiu uma nota de repúdio à declaração, que considerou “infame”. No texto, a entidade defende que Mauro Ricardo conseguiu trazer ao povo soteropolitano “a vergonhosa memória de violência, arbítrio e crime da escravidão”.
“A OAB da Bahia considera inaceitável que uma autoridade do Executivo municipal venha a público lamentar a impossibilidade do uso de violência física na cobrança de tributos, prática há muito banida pelo direito e pela justiça, para o bem da civilização”, continua a nota.
IPTU
A polêmica começou depois que o reajuste do imposto, feito pela prefeitura para 2014, foi questionado na Justiça, por ser considerado abusivo e por não ter sido discutido com a população. Entre as entidades que entraram com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), estão a OAB-BA e o PCdoB.
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