
O Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e entidades
representativas da construção civil no Brasil estão confusos com os
sinais sobre a terceira fase do programa habitacional Minha Casa, Minha
Vida (MCMV), trocados em reuniões com o Ministério das Cidades nos
últimos meses.
Oficialmente, a pasta que coordena o MCMV
informa que o lançamento da nova fase, que terá 3 milhões de
unidades, ocorrerá até o fim deste ano. Mas o governo havia anunciado
outra data para o início da nova etapa, que aconteceria no fim deste
mês, segundo o MTST.
As informações truncadas poderão colocar o MTST nas ruas, como ocorreu
em manifestação nacional no último dia 18. O grupo parou várias rodovias
em importantes pontos do País.
Segundo informou o ministro Gilberto Kassab em reunião com entidades do
ramo da construção durante todo o dia 28 de janeiro, em Brasília, o
programa é prioridade do governo. De acordo com fontes do governo,
Kassab teria dito que a nova fase ainda precisa ser desenhada e não tem
data para lançamento, mas “é urgente”.
Depois dessa urgência declarada, as entidades e MTST têm se reunido
regularmente com representantes do Ministério das Cidades e ouvido que o
lançamento ocorreria até o fim de março porque o planejamento ainda
está sendo feito.
O Ministério da Fazenda se limita a dizer que “não houve promessa de
datas.” Nelson Barbosa, ministro do Planejamento, disse em 16 de março
que que a expectativa é lançar a nova etapa do MCMV este ano e aumentar a
execução do programa ao longo dos próximos quatro anos.
Questionado sobre um possível protelamento do programa, o MTST, que teve
representantes reunidos com Kassab na segunda-feira (23), informou que
vai discutir com as lideranças nacionais nesta semana para “tentar
entender e colocar no papel” o que tem de oficial, já que os discursos
dos agentes oficiais são difusos.
Segundo José Afonso, secretário nacional do MTST, após essa reunião, o
movimento que tem como bandeira a reforma urbana e o acesso da população
carente à moradia digna, vai divulgar um posicionamento sobre a
terceira fase e sobre o MCMV Entidades, com cunho de social. “De fato,
há discussão sobre adiar o lançamento até o fim do ano. Não vamos
aceitar isso”, afirma Afonso.
Ronaldo Cury, vice-presidente de Habitação Popular do Sinducon-SP,
lembra que antes de anunciar o Minha Casa Minha Vida 2, para não travar
ao programa, em 2011, o governo elevou um pouco o valor dos limites de
subsídios e dos imóveis para que as empresas pudessem sobreviver aquele
ano. “Enquanto planejavam o fase 2, os ministérios, setores e entidades
discutiam as regras do programa 2. Acho que vão fazer isso agora, soltar
o transição, elevando um pouco os valores para, com calma, como tem de
ser, planejar essa terceira fase. Mas o governo ainda não disse nada
oficial. É preciso ter calma.”
Renato Ventura,
diretor-executivo da Associação Brasileira das Incorporadoras (Abrainc),
informa que em reunião no início da semana passada com ministros da
Cidades e Planejamento, a promessa ouvida foi de um lançamento "o mais
rápido possível". "Houve um entendimento de que o setor precisa de uma
previsibilidade. De nossa parte, entendemos que governo vai lançar no
prazo possível. O setor fechou 216 mil empregos de janeiro de 2014 a
janeiro 2015. Por isso acreditamos que o governo trabalha para resolver o
planejamento e avançar logo nesse fase", explica Ventura.
Na sexta-feira (20), a presidente Dilma Rousseff disse em cerimônia
de inauguração no interior do Rio Grande do Sul que o ajuste [fiscal,
redução de despesas do governo para reforçar os cofres públicos] não
acaba com o Minha Casa, Minha Vida Rural. "Nós temos 1,650 milhão de
moradias em construção. Os 3 milhões novos é que nós abrimos o processo
de discussão para saber quanto fica para Minha Casa, Minha Vida
Entidades, quanto fica para Minha Casa Minha Vida Rural e mais: quem faz
o Minha Casa, Minha Vida – é bom que vocês saibam – é a Caixa
Econômica Federal para o empresário, ou para o movimento e esse faz
diretamente para aquele que vai receber a casa", discursou.
Segundo
a presidente, o programa é "eminentemente um programa destinado para
aquelas pessoas que não têm casa, que são muitas no Brasil tanto no
campo, como na cidade. Nós já chegamos a 3,750 milhões e vamos fazer
mais 3 milhões. Quando chegar em 2018 vão ter 6,750 milhões de casas
construídas nesse País".
Nenhum comentário:
Postar um comentário