Manifestação marcada para esta quarta-feira (18) pede o início da terceira fase do Minha Casa Minha Vida e tenta enfraquecer pauta direitista incorporada após êxito de atos do dia 15
Três dias após a realização dos atos que reuniram centenas de milhares
de pessoas contra o mandato de Dilma Rousseff no Brasil, o Movimento dos
Trabalhadores Sem-Teto prepara para esta quarta-feira (18) sua
resposta contra os movimentos de direita em território nacional.
Protagonista dos maiores protestos de rua do Estado de São Paulo
em 2014, o grupo pretende atrair entre 15 mil e 20 mil militantes,
espalhados por diversos pontos da capital paulista, para discursar
contra a direita, além de exigir atenção do governo em relação às pautas
que abraça desde sempre – de direitos sociais aos trabalhadores, como
habitação, saúde e educação.
"De algum modo, o ato desta
quarta-feira se tornou uma resposta aos protestos de domingo porque,
embora existam vários motivos para a população estar indignada com o
governo, nenhuma reivindicação social de fato foi feita naquele dia",
diz ao iG Guilherme Boulos, um dos coordenadores
nacionais do movimento. "O que vimos na Avenida Paulista no fim de
semana foi um espetáculo de preconceito, fascismo, de discursos de ódio.
Então precisamos dar uma resposta para frear o avanço da direita em
todo o País."
Diferente de outros grandes atos do MTST realizados no ano passado,
especialmente no período pré-Copa do Mundo, a manifestação desta
quarta-feira será descentralizada. Somente em São Paulo haverá 11 pontos
de concentração diferentes pela manhã, entre 6h e 8h, em sua maioria em
terminais de ônibus e metrô dos quais os grupos sairão com o objetivo
de bloquear um total de dez vias na capital paulista e na Região
Metropolitana da cidade, como Guarulhos e Taboão da Serra.
"A
ideia de nos espalharmos é justamente para chamar mais atenção da
população e das autoridades. É para demonstrar que, se em algum período
conseguiram parar São Paulo com a indicação de um golpe [referência ao
protesto de domingo], conseguiremos parar a cidade com reivindicações
sociais justas, não gritando em prol dos militares ou por uma tentativa
de impeachment."
Às 6h, o primeiro grupo parte do Terminal
Guarapiranga, na zona sul, em direção à Marginal Pinheiros, onde
ocorrerá um bloqueio. A partir das 8h, outras concentrações ocorrem para
chegar às Avenidas Giovanni Gronchi, Radial Leste, Aricanduva e Sumaré;
e às rodovias Raposo Tavares, Régis Bittencourt, Anchieta e Dutra.
Também estão confirmados protestos em outras 12 capitais brasileiras:
Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Salvador, João Pessoa, Belém,
Palmas, Boa Vista, Vitória, Teresina, Florianópolis e Fortaleza.
Todos são organizados por movimentos parceiros da Frente de Resistência
Urbana, que inclui, além de versões estaduais do MTST, grupos como Terra
Livre (Paraíba), MSTB (Bahia), Resistência Camponesa e Urbana (Piauí),
Brigadas Populares (Santa Catarina), Fórum das Ocupações (Minas Gerais) e
MPM (Paraná).
As cidades de Uberlândia (MG), São José dos Campos
(SP) e Campinas (SP) também terão manifestações. Em todas a previsão é
bloquear trechos de vias e rodovias por no mínimo meia hora.
Independente
Parceiro histórico do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), o MTST não critica apenas os atos de domingo, mas também os protestos puxados pelo grupo liderado por João Pedro Stédile e pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) que foram realizados na sexta-feira (13) em defesa do governo Dilma Rousseff e da Petrobras. Isso apesar de os Sem-Teto terem apoiado publicamente a reeleição da petista ao longo do processo eleitoral no ano passado.
Parceiro histórico do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), o MTST não critica apenas os atos de domingo, mas também os protestos puxados pelo grupo liderado por João Pedro Stédile e pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) que foram realizados na sexta-feira (13) em defesa do governo Dilma Rousseff e da Petrobras. Isso apesar de os Sem-Teto terem apoiado publicamente a reeleição da petista ao longo do processo eleitoral no ano passado.
"Ser contra a intervenção militar não é
apoiar a Dilma. E em hipótese nenhuma nos arrependemos de apoiá-la em
2014, pois o Aécio Neves [candidato tucano na eleição presidencial]
estaria fazendo ainda pior do que ela", avalia Guilherme Boulos.
O apoio do MTST foi mais anti-Aécio do que qualquer outra coisa, pois
no primeiro turno apoiamos os candidatos que sempre estiveram presentes
nas lutas do movimento, como a Luciana Genro (PSOL) e os petistas
Adriano Diogo [ex-deputado estadual pelo PT] e Eduardo Suplicy
[candidato petista ao Senado Federal derrotado pelo tucano José Serra]",
continua José Afonso, secretário nacional do movimento.
"No
segundo turno as coisas mudaram um pouco, porque houve uma campanha de
um setor (PSDB) que se expressava com preconceitos, atacando benefícios
sociais, fortalecendo a população reacionária. Não havia ilusões com a
Dilma, mas acabamos fazendo um voto crítico em defesa do 'menos pior'
dos candidatos."
Além de exigir o início da terceira fase do Minha
Casa Minha Vida e do recuo do ajuste fiscal recentemente anunciado por
Dilma, o ato desta quarta-feira também pretende criticar a Polícia
Militar, em mais uma clara divergência em relação aos ideais daqueles
que demonstraram apoio à corporação durante a manifestação de domingo.
Na ocasião, PMs acabaram se tornando alvos de fotos, aplausos e elogios
de muitos dos presentes, que cumprimentaram agentes militares ao longo
do evento.
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