sexta-feira, 21 de março de 2014

III FÓRUM DO PENSAMENTO CRÍTICO



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Apresentação


O ano de 2014 será emblemático para uma reflexão sobre autoritarismo e democracia no Brasil e na Bahia. Em 2014, os 50 anos do Golpe Civil-Militar de 1964 devem servir como memória viva para que ditaduras e autoritarismos não sejam mais possíveis no presente e no futuro da sociedade, em especial da brasileira e baiana. Em 2014, os 30 anos da campanha das Diretas Já devem ser comemorados como momento catalisador e exemplar de luta pela democracia no país e no estado e como inspiração para novas lutas democráticas imprescindíveis na atualidade.
A ditadura civil-militar marca profundamente a história e mesmo o presente da sociedade brasileira e baiana. Ela interditou a realização das “reformas de base” (urbana, agrária, universitária etc.) e bloqueou naqueles anos a possibilidade da construção no Brasil e na Bahia de uma sociedade mais justa, democrática e livre, que incorporasse toda população em sua dinâmica societária. Em lugar disto, ela impôs uma “modernização conservadora” com um modelo de desenvolvimento altamente concentrador, desigual e excludente, alicerçado no arrocho salarial; na restrição às liberdades; no apoio e controle rigoroso da mídia; na censura às opiniões diferentes e às manifestações culturais divergentes; na perseguição, repressão, tortura e assassinato de todos aqueles que fossem considerados adversários da ditadura. Ela marcou profundamente o passado, ainda marca o presente e talvez o futuro da sociedade brasileira e baiana.
A campanha das Diretas Já pode ser considerada como momento emblemático da luta pela democracia no Brasil e na Bahia. Ela de algum modo sintetiza as muitas e variadas modalidades de luta que foram empreendidas contra a ditadura civil-militar. Ela possibilita a transição do autoritarismo para a democracia, com suas virtudes e limitações. O movimento das Diretas Já, ainda que derrotado em 1984 no seu intento maior de eleição direta do presidente do Brasil, expressara o desejo da sociedade brasileira e baiana de construção da democracia e de derrubar a ditadura.
O processo de construção da democracia no Brasil e na Bahia tem se mostrado bastante complexo. O modo específico da transição do autoritarismo para a democracia no Brasil e na Bahia, uma transição pelo alto no dizer de alguns autores, impacta profundamente no processo de construção da democracia. Ele articula de modo desigual e combinado: avanços e retrocessos, mudanças e persistências, possibilidades e limitações, aliados e adversários. Por conseguinte, ele permite modalidades bem distintas de pensar e de realizar a democracia.
Os movimentos acontecidos em junho de 2013, com todas as suas ambiguidades, contradições e tentativas de manipulação, expressam a tensão entre alternativas possíveis de democracia: algumas meramente formais outras substantivas; algumas somente representativas outras incorporando com novos formatos de participação. Os movimentos atualizam e colocam em cena a discussão sobre o presente e o futuro da democracia. As ruas trazem para o cenário púbico e recolocam em disputa estas distintas e muitas vezes antagônicas concepções de democracia.
O III Fórum do Pensamento Crítico pretende se debruçar – criticamente, por óbvio – sobre o tema autoritarismo e democracia, como campo de força e de disputa, que reúne memória e contemporaneidade, que olha o passado para pensar e atuar no presente e para imaginar futuros possíveis. O Fórum busca reavivar nossa memória dos autoritarismos, que marcam drasticamente a história do Brasil e da Bahia e muitas vezes ainda persistem de modo expresso ou camuflado, e relembrar a todo instante o vital compromisso de enfrentar e superar todos eles. Ele busca, em sintonia fina de memória e atualidade, colocar na cena e no debate público temas essenciais para a superação de todas as modalidades de autoritarismos e para o aprofundamento da democracia na contemporaneidade. O III Fórum do Pensamento Crítico entende a democracia como um processo vivo, sempre em atualização e atento aos perigos do autoritarismo.

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