quinta-feira, 23 de abril de 2015

MST ocupa 22 fazendas na Bahia no Abril Vermelho


O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupou 22 fazendas na Bahia da noite de sexta-feira, 18, até a madrugada dessa segunda, 20, dentro do que chamam "Jornada de Lutas - Abril Vermelho". As três últimas ações ocorreram em áreas dos municípios de Igrapiúna, Vitória da Conquista e Planaltina.

A entidade pretende chegar a trinta propriedades ocupadas até o final do mês. Não foram registrados conflitos durante a ação do movimento.

No entanto, dirigentes do MST disseram que policiais militares à paisana, armados, estariam rondando o acampamento montado na Fazenda Reunidas Amazonas, no município de Ibirapuã. Carros com ocupantes não-identificados também foram vistos por sem- terra circulando nas imediações da Fazenda Planíce, em Itanhém, também com acampamento do MST.

Famílias

As propriedades ocupadas são de todas as regiões do Estado. Cerca de 3.100 famílias foram mobilizadas pelo MST para montar acampamento nas propriedades rurais consideradas improdutivas pela entidade. Entre elas está a Fazenda Santa Rita de propriedade do Banco do Brasil, município Juazeiro e a Fazenda da CEPLAC, pertencente ao governo federal, em São Sebastião do Passé. Na relação de áreas invadidas está também a Fazenda Granja, em Casa Nova.

Evanildo Costa, líder do MST da região sul da Bahia disse que a ação do Abril Vermelho, ao mesmo tempo que marca a data do Massacre do Eldorado do Carajás, protesta contra a paralisação da reforma agrária no Brasil e a concentração de latifúndios no País, enquanto existem 90 mil famílias aguardando terras.

"Também estamos cobrando da Secretaria de Segurança Pública da Bahia a prisão dos responsáveis pelo assassinato do nosso companheiro Fábio dos Santos Silva, em abril de 2013 no município de Iguaí", lembrou Costa, informando que essa cobrança foi feita aos representantes do governo baiano que se reuniram com lideranças do MST em março, em Salvador.

"Eles disseram que continuam apurando o caso, mas ainda não chegaram aos assassinos e os mandantes", disse.
Até a tarde de ontem o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) não havia entrado em contato com o MST para negociar a desocupação ou desapropriação das propriedades ocupadas. Tampouco foram expedidos mandados judiciais de reintegração de posse.

Impunidade

Conforme nota divulgada pelo núcleo estadual do MST "o mês de abril representa historicamente um momento que marca a Jornada Nacional de lutas pela Reforma Agrária e denuncia a violência e impunidade dos crimes no campo. Dentre eles, o assassinato de 19 companheiros assassinados no dia 17 de abril em 1996, em Eldorado dos Carajás". Lembram ainda que "de acordo com os dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) no ano de 2014 houve um aumento significativo da violência no campo, transformando trabalhadores e trabalhadoras como alvo principal". Dizem que "diante deste cenário", o MST "em parceria com organizações do campo e da cidade", fortalece "os enfrentamentos contra as ações do capital".

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