quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O golpe é certo, mas sua vitória não

Tendência capituladora do PT mostra que o governo não resistirá ao golpe, mas a classe operária tende a se levantar contra este ataque 

 

 

 

A direita pró-imperialista brasileira expressa cada vez mais claramente que está encabeçando uma política golpista no país. A deflagração do golpe, no entanto, é uma operação complexa e perigosa e existe o risco de terminar fracassada, podendo culminar em um levante popular e em uma guerra civil. Este desenvolvimento sucedeu boa parte dos golpes deflagrados pelo imperialismo no último período, levando alguns à derrota.

É um dilema: o golpe é uma necessidade para a burguesia conseguir conter um provável levante da classe trabalhadora, mas o próprio golpe pode ser o estopim para este levante. A principal função do PT é justamente conter as tendências de radicalização dos trabalhadores e a derrubada deste governo pode significar justamente o fim desta contenção. São várias as experiências em que isto ocorreu, dentro e fora do Brasil.

Um dos processos golpistas mais conhecidos da história nacional foi durante o segundo governo de Getúlio Vargas (1951-1954), que o levou ao seu suicídio. Toda a imprensa, a oposição, a cúpula militar e finalmente sua própria equipe ministerial faziam campanha pela saída de Vargas, apesar de seu grande apoio popular, e pressionado pela situação, o então presidente optou pela própria morte a renunciar ao cargo em vida.

A situação deu lugar a uma grande mobilização popular que conteve a organização de um golpe militar contra Getúlio. Carlos Lacerda, principal figura da oposição, e boa parte do seu grupo tiveram de fugir do país para evitar um linchamento público. A sede do jornal O Globo foi atacada, por ser o principal órgão de imprensa contra o governo e que ainda deu espaço para a oposição no dia seguinte ao suicídio.

O vice João Café Filho, eleito à época separadamente, era da oposição e assumiu por pouco mais de um ano. Em seguida ao governo de Café Filho houve uma série de presidentes getulistas, Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros e João Goulart, até que o golpe fosse deflagrado, 10 anos depois.

Nos casos mais recentes de tentativas e golpes de Estado, chama a atenção que na maioria dos países houve uma reação imediata da população. Na Venezuela, o golpe contra Hugo Chávez em 2002 foi parado pela sublevação da própria população venezuelana, que se armou e permanece armada até hoje, formando milícias populares em diversos bairros operários. Esta situação é o principal obstáculo para os golpistas no país vizinho, mesmo com a bancarrota do governo chavista.

Na Ucrânia, o golpe ocorrido no começo de 2014, declaradamente apoiado pelos Estados Unidos, está se desenvolvendo em uma guerra civil, em que a população do Leste do país se levantou contra o golpe. Além do combate contra a Junta de Kiev, os moradores das províncias de Donetsk e Lugansk declararam a independência de ambas em relação ao governo central e fundaram o Estado Federal da Nova Rússia que luta pelo seu reconhecimento. O desenvolvimento dos conflitos tem gerado um enorme gasto no país e coloca em xeque a viabilidade do golpe, já parcialmente fracassado.

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