Tendência capituladora do PT mostra que o governo não resistirá ao golpe, mas a classe operária tende a se levantar contra este ataque
A direita pró-imperialista brasileira expressa cada vez mais
claramente que está encabeçando uma política golpista no país. A
deflagração do golpe, no entanto, é uma operação complexa e perigosa e
existe o risco de terminar fracassada, podendo culminar em um levante
popular e em uma guerra civil. Este desenvolvimento sucedeu boa parte
dos golpes deflagrados pelo imperialismo no último período, levando
alguns à derrota.
É um dilema: o golpe é uma necessidade para a burguesia conseguir
conter um provável levante da classe trabalhadora, mas o próprio golpe
pode ser o estopim para este levante. A principal função do PT é
justamente conter as tendências de radicalização dos trabalhadores e a
derrubada deste governo pode significar justamente o fim desta
contenção. São várias as experiências em que isto ocorreu, dentro e fora
do Brasil.
Um dos processos golpistas mais conhecidos da história nacional foi
durante o segundo governo de Getúlio Vargas (1951-1954), que o levou ao
seu suicídio. Toda a imprensa, a oposição, a cúpula militar e finalmente
sua própria equipe ministerial faziam campanha pela saída de Vargas,
apesar de seu grande apoio popular, e pressionado pela situação, o então
presidente optou pela própria morte a renunciar ao cargo em vida.
A situação deu lugar a uma grande mobilização popular que conteve a
organização de um golpe militar contra Getúlio. Carlos Lacerda,
principal figura da oposição, e boa parte do seu grupo tiveram de fugir
do país para evitar um linchamento público. A sede do jornal O Globo
foi atacada, por ser o principal órgão de imprensa contra o governo e
que ainda deu espaço para a oposição no dia seguinte ao suicídio.
O vice João Café Filho, eleito à época separadamente, era da oposição
e assumiu por pouco mais de um ano. Em seguida ao governo de Café Filho
houve uma série de presidentes getulistas, Juscelino Kubitschek, Jânio
Quadros e João Goulart, até que o golpe fosse deflagrado, 10 anos
depois.
Nos casos mais recentes de tentativas e golpes de Estado, chama a
atenção que na maioria dos países houve uma reação imediata da
população. Na Venezuela, o golpe contra Hugo Chávez em 2002 foi parado
pela sublevação da própria população venezuelana, que se armou e
permanece armada até hoje, formando milícias populares em diversos
bairros operários. Esta situação é o principal obstáculo para os
golpistas no país vizinho, mesmo com a bancarrota do governo chavista.
Na Ucrânia, o golpe ocorrido no começo de 2014, declaradamente apoiado pelos Estados Unidos,
está se desenvolvendo em uma guerra civil, em que a população do Leste
do país se levantou contra o golpe. Além do combate contra a Junta de
Kiev, os moradores das províncias de Donetsk e Lugansk declararam a
independência de ambas em relação ao governo central e fundaram o Estado
Federal da Nova Rússia que luta pelo seu reconhecimento. O
desenvolvimento dos conflitos tem gerado um enorme gasto no país e
coloca em xeque a viabilidade do golpe, já parcialmente fracassado.
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