sexta-feira, 13 de junho de 2014

BRASIL, PAÍS DE ÍNDIO.

LOCAIS DIFERENTES, PROBLEMAS IGUAIS. ISSO É BAHIA, ISSO É BRASIL.


     No estado da Bahia as várias etnias indígenas, primeiros habitantes desta bela terra vivem dilemas iguais. Não obstante já estarem no país quando da chegada dos portugueses continuam, ainda hoje, a receber o mesmo tratamento de 514 anos atrás. Sua presença é solenemente ignorada pelo poder dominante, é quase como se não existissem. Não recebem a consideração devida como povo. São bem vistos quando, em suas aldeias, fazem suas danças típicas, cujo exotismo agrada aos turistas. 
   Quanto a receberem os direitos básicos, comuns aos outros cidadãos, são considerados indesejados, como povo sem voz e sem nenhum direito, nem à posse da terra, nem à saúde de qualidade, nem à uma educação digna. O estado brasileiro trata o indígena como um sub-povo, negando aos primeiros habitantes do Brasil o direito de evoluir e de, mantendo intactas suas tradições, ascender socialmente, direito básico de todos os seres humanos.
   No extremo sul da Bahia os índios da etnia Pataxó, primeiros a terem contato com os portugueses por ocasião do descobrimento, vivem e lutam e busca do simples reconhecimento de sua existência como povo. Povo esse que tem uma cultura, um conhecimento ancestral passado de geração para geração, povo que vive ainda em comunhão com a natureza e que não tem o devido reconhecimento por parte do estado brasileiro.
   Vivendo em pequenas aldeias, os Pataxó trazem a alegria para os visitantes das belas cidades de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, ambas no extremo sul da Bahia. Artesãos habilidosos, fazem belíssimas peças de artesanato indígena, que são vendidas à beira da estrada que liga as duas cidades, nas aldeias e em quiosques destinados ao comércio desses trabalhos.
   Mas é nas aldeias que se vê a cultura indígena em sua forma natural. Visitamos a aldeia Nova Coroa, às margens da BR 367 e pudemos conhecer um pouco mais da cultura daquele povo que, como seus parentes Tupinambás, luta ainda pela demarcação de seu território tradicional, vivendo, enquanto isso, sobressaltado e sem poder ter fé em um futuro tranquilo em sua terra.

   O cacique Sinaldo, de nome indígena Piki Pataxó, fala que não existe repartição pública do estado da Bahia ou do próprio Distrito Federal que não tenha recebido documentos com as demandas dos indígenas no que se refere a demarcação de seus territórios, a aldeia Nova Coroa está em processo de demarcação desde 2007 e, até agora, nada de solução.

   Assim é o respeito que o Brasil tem por seus povos indígenas, protelando uma solução por medo de tomar decisões, causando incerteza e mortes nos conflitos entre indígenas e fazendeiros, não apenas no extremo sul, mas em toda a Bahia e em todo o Brasil. Será que  nossas autoridades desconhecem as responsabilidades que lhes cabem, ou será omissão mesmo?
   Esperamos que seja encontrada logo uma solução para que não ocorra mais violência contra os índios, pois, desde 1500, eles são tratados como um povo sem voz, que ninguém houve. Isso precisa mudar, nosso país precisa respeitar aqueles que já estavam aqui e perderam tudo quando os portugueses chegaram, inclusive sua dignidade, recuperada lentamente ano a ano. O índio é a raiz do povo brasileiro e deve ser tratado com muito respeito.
Cacique Sinaldo, líder da aldeia pataxó Nova Coroa.

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