LOCAIS DIFERENTES, PROBLEMAS IGUAIS. ISSO É BAHIA, ISSO É BRASIL.
No estado da Bahia as várias etnias
indígenas, primeiros habitantes desta bela terra vivem dilemas iguais. Não
obstante já estarem no país quando da chegada dos portugueses continuam, ainda
hoje, a receber o mesmo tratamento de 514 anos atrás. Sua presença é
solenemente ignorada pelo poder dominante, é quase como se não existissem. Não
recebem a consideração devida como povo. São bem vistos quando, em suas
aldeias, fazem suas danças típicas, cujo exotismo agrada aos turistas.
Quanto a receberem os direitos básicos, comuns aos outros cidadãos, são considerados indesejados, como povo sem voz e sem nenhum direito, nem à posse da terra,
nem à saúde de qualidade, nem à uma educação digna. O estado brasileiro trata o
indígena como um sub-povo, negando aos primeiros habitantes do Brasil o direito
de evoluir e de, mantendo intactas suas tradições, ascender socialmente,
direito básico de todos os seres humanos.
No extremo sul da Bahia os índios da etnia
Pataxó, primeiros a terem contato com os portugueses por ocasião do
descobrimento, vivem e lutam e busca do simples reconhecimento de sua existência
como povo. Povo esse que tem uma cultura, um conhecimento ancestral passado de
geração para geração, povo que vive ainda em comunhão com a natureza e que não
tem o devido reconhecimento por parte do estado brasileiro.
Vivendo em pequenas aldeias, os Pataxó
trazem a alegria para os visitantes das belas cidades de Porto Seguro e Santa
Cruz Cabrália, ambas no extremo sul da Bahia. Artesãos habilidosos, fazem
belíssimas peças de artesanato indígena, que são vendidas à beira da estrada
que liga as duas cidades, nas aldeias e em quiosques destinados ao comércio
desses trabalhos.
Mas é nas aldeias que se vê a cultura
indígena em sua forma natural. Visitamos a aldeia Nova Coroa, às margens da BR
367 e pudemos conhecer um pouco mais da cultura daquele povo que, como seus
parentes Tupinambás, luta ainda pela demarcação de seu território tradicional,
vivendo, enquanto isso, sobressaltado e sem poder ter fé em um futuro tranquilo
em sua terra.
O
cacique Sinaldo, de nome indígena Piki Pataxó, fala que não existe repartição
pública do estado da Bahia ou do próprio Distrito Federal que não tenha
recebido documentos com as demandas dos indígenas no que se refere a demarcação
de seus territórios, a aldeia Nova Coroa está em processo de demarcação desde
2007 e, até agora, nada de solução.
Assim é o respeito que o Brasil tem por seus
povos indígenas, protelando uma solução por medo de tomar decisões, causando
incerteza e mortes nos conflitos entre indígenas e fazendeiros, não apenas no
extremo sul, mas em toda a Bahia e em todo o Brasil. Será que nossas autoridades desconhecem as
responsabilidades que lhes cabem, ou será omissão mesmo?
Esperamos que seja encontrada logo uma
solução para que não ocorra mais violência contra os índios, pois, desde 1500,
eles são tratados como um povo sem voz, que ninguém houve. Isso precisa mudar,
nosso país precisa respeitar aqueles que já estavam aqui e perderam tudo quando
os portugueses chegaram, inclusive sua dignidade, recuperada lentamente ano a
ano. O índio é a raiz do povo brasileiro e deve ser tratado com muito respeito.
Cacique Sinaldo, líder da aldeia pataxó Nova Coroa.
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