segunda-feira, 30 de junho de 2014

ALDEIA MÃE DOS PATAXÓS

BARRA VELHA, O BERÇO DOS PATAXÓS.


A Aldeia de Barra Velha, reconhecida pelos Pataxó como o seu local de origem – onde todos nasceram e foram criados -, localiza-se nos limites meridionais do município de Porto Seguro, a menos de um quilômetro da costa, entre as embocaduras dos rios Caraíva e Corumbáu. O território delimitado pelos cursos destes dois rios pela costa atlântica a Leste, e pelo Monte Pascoal a Oeste – cerca de 20.000 hectares -, é tradicionalmente identificado pelos Pataxó como o seu território. O Monte Pascoal, além de se constituir num limite territorial, tem grande valor simbólico como marco de identidade étnica Pataxó.
Embora concentrados majoritariamente na Aldeia de Barra Velha tem ainda mais dois núcleos de povoamento. O mais antigo deles, o de Embiriba, está localizado cerca de 20 Km ao Norte de Barra Velha, também junto à costa, próximo à foz do Rio dos Frades, enquanto que o núcleo da Coroa Vermelha, a formação mais recente e estimulada pela atividade artesanal e pelo fluxo turístico, localiza-se à margem da rodovia que liga Porto Seguro a Santa Cruz de Cabrália, próximo a estas duas cidades.
O habitat dos Pataxó compreende uma área litorânea com ocorrência de mangues e terrenos arenosos junto à costa, e faixas de campo e floresta nas áreas mais interiores. O clima é tropical, quente e úmido.  
O povo identificado como Pataxó pelas diversas fontes históricas, vivia tradicionalmente em bandos, entre as bacias dos rios João Tiba e São Mateus, ao sul, e Pardo e Contas, ao norte, convivendo com um bom número de outras etnias. A sociedade brasileira através de suas frentes de expansão predominantemente agrícolas, alcança-os em épocas históricas diversas mas sempre de forma violenta, atingindo primeiramente os bandos situados mais ao sul, conforme permitem concluir os dados existentes. As diversas etnias dessa faixa territorial, tiveram como polo de atração a então Vila do Prado, seguindo uma estratégia usual do processo de colonização, uma prática que teria gradativamente provocado a redução das especificidades culturais daquelas etnias.

O aldeamento do povo Pataxó no sítio da atual Aldeia de Barra Velha data, segundo fontes históricas, de 1861, atendendo deliberação do governo da Província à época. Desde então, têm os Pataxó permanecido neste local, onde durante muito tempo mantiveram-se relativamente isolados da sociedade nacional, isolamento este que vem sendo crescentemente rompido nos últimos trinta anos.
O território tradicional dos Pataxó de Barra Velha passou, a partir de 1961, com a criação do Parque Nacional do Monte Pascoal, a ser objeto de disputa entre os índios e o IBDF (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal), tendo os primeiros enfrentado um longo período de privações provocado pela proibição de utilização econômica do seu próprio território, imposta por aquele órgão – situação que motivou uma grande dispersão dos Pataxó, compelidos a buscar meios de subsistência em outras áreas. O encaminhamento de uma solução para esse problema tem se prolongado por vinte anos, e, mais recentemente, a FUNAI e o IBDF chegaram a um acordo que descina aos Pataxó apenas 8.720 hectares dos 22.500 que compõem o Parque. Além de ser esta uma área extremamente reduzida para as necessidades da sociedade Pataxó, abrange, em sua maior parte, terrenos impróprios para a agricultura (brejos, faixas arenosas e campos), o que tem provocado grandes manifestações de insatisfação e revolta por parte dos Pataxó.

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