segunda-feira, 8 de julho de 2013

REMÉDIO TARDIO.

Governo vai divulgar dados sobre uso de jatos.

Serão publicados na internet nomes das autoridades do Poder Executivo que usarem aviões da FAB, motivo da viagem e número de passageiros


O governo federal decidiu divulgar na internet dados sobre o uso de aviões oficiais por autoridades do Executivo. A medida foi tomada após a revelação de que o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), além do ministro da Previdência, Garibaldi Alves, utilizaram aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) para ir a um jogo da seleção brasileira no Rio e a uma festa de casamento na Bahia.
O ministro Jorge Hage, da Controladoria-Geral da União (CGU), disse ontem ao Estado que avalia que o decreto que regulamenta o uso das aeronaves da FAB pelas autoridades deve passar por mudanças. Segundo ele, o decreto 4244, de 2002, foi elaborado em meio ao escândalo de viagens de ministros do governo Fernando Henrique Cardoso para o arquipélago de Fernando de Noronha. "O decreto poderia ser mais detalhado", observou. "A norma veio daquela esteira de escândalos. De lá para cá se passaram dez anos."
Para o ministro é possível fazer mudanças no decreto. "Se há necessidades, vamos propor", ressaltou Hage.
Num primeiro momento, o governo decidiu abrir as informações sobre voos previstas no decreto, como o nome da autoridade do Poder Executivo que solicitar a viagem, o local de embarque e destino, o motivo do deslocamento e o número de passageiros na aeronave.
O texto atual do decreto não prevê os nomes dos passageiros convidados pela autoridade. Essas informações, afirma Hage, podem ser solicitadas por meio da Lei de Acesso à Informação aos ministérios que pedirem para usar as aeronaves da Aeronáutica. "Se alguém quiser essas informações, deve solicitar ao ministério e não à FAB."
Na quarta-feira, o presidente da Câmara informou que iria ressarcir os cofres públicos R$ 9,7 mil por ter levado seis pessoas em jato oficial para ver a vitória do Brasil sobre a Espanha por três a zero, no Maracanã. A Procuradoria da República abriu investigação para apurar se Alves praticou improbidade administrativa. Após dizer que não iria devolver recursos públicos, Renan voltou atrás e prometeu ressarcir o erário em R$ 32 mil decorrentes do uso de avião oficial para ir ao casamento da filha do líder do PMDB na Casa, Eduardo Braga (AM), em Trancoso, no sul da Bahia. A Secretaria de Comunicação da Presidência informou que Garibaldi Alves também vai ressarcir o erário pelos gastos com o uso do jato que o transportou para o Rio, onde assistiu à final da Copa das Confederações.
Transparência. O ministro da CGU afirmou que as decisões para dar transparência ao uso dos aviões da FAB, em meio à onda de pressão da sociedade, são novos passos dados na área do controle dos gastos do governo.
"Começamos dando transparência aos gastos, despesas e receitas, com a divulgação no portal da Controladoria. Passamos a incluir convênio e transferências de recursos para Estados e municípios, depois faturas de cartões de pagamentos", disse. O ministro citou ainda a divulgação de votos das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
Conforme Hage, nas etapas seguintes do processo de transparência, a tendência é reduzir os motivos que ainda restringem a divulgação de dados. Questionado sobre o argumento de autoridades de que a divulgação de dados implica em problemas de segurança, o ministro disse que a "tendência é reduzir isso ao mínimo necessário".

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