Representantes dos movimentos
sociais que organizam os protestos do próximo dia 20, em resposta às
manifestações do último domingo, 16, fizeram hoje duras críticas à
Agenda Brasil, conjunto de propostas apresentada ao governo pelo
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Entre críticas ao
ajuste fiscal e defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff, as
propostas que fundamentam o pacto entre o Planalto e o presidente do
Senado foram chamadas de "Agenda esfola Brasil".
"Não
se pode ter uma leitura simplista que (o protesto do) dia16 foi contra
Dilma e dia 20 é viva Dilma. Não é", disse Guilherme Boulos, líder do
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). A presidente
da UNE, Carina Vitral, ressaltou que o grupo é contrário ao impeachment
da presidente Dilma Rousseff, mas não é isso que caracteriza a
manifestação da próxima quinta-feira. Críticas ao presidente da Câmara,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e sua "pauta conservadora" unificam os
movimentos. "A passeata do dia 20 é um contraponto à do dia 16, não pelo
impeachment, mas pelas ideias. Achamos que a manifestação do dia 16
levou às ruas pautas conservadoras", disse Carina Vitral.
Boulos
chamou a Agenda Brasil de "pacto entre os de cima" e disse que o tom
das propostas de Renan é de retrocesso. "Se há um pacto, esse pacto
exclui o povo". O secretário da Intersindical, Edson Carneiro, chamou a
Agenda Brasil de "somatório de lobbys".
Assim como fez em
cerimônia no Palácio do Planalto, Boulos criticou o ajuste fiscal e
cobrou que a conta seja paga pelos mais ricos. "Nossa agenda é fazer o
ajuste fiscal do outro lado", disse. O manifesto divulgado pelos
movimentos cobra "saídas populares para a crise".
Um
possível impeachment da presidente Dilma foi criticado principalmente
por CUT e UNE. "Existe um clima sendo criado para não se respeitar o
resultado das eleições de 2014. Estamos repudiando todos os que querem
interromper esse processo democrático que está em curso", defendeu o
presidente da CUT São Paulo, Adi dos Santos.
Os
organizadores esperam manifestações em pelo menos doze capitais: São
Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Recife, Salvador, Goiânia,
Fortaleza, Belém, Belo Horizonte, Porto Alegre e Florianópolis. A de São
Paulo terá concentração às 17h de quinta-feira no Largo da Batata,
saindo às 18h em caminhada até o Masp.
Lava Jato
O
presidente da União da Juventude Socialista, Renan Alencar, criticou
duramente a Operação Lava Jato, que chamou de "caldeira irresponsável".
Alencar disse que a Operação faz o combate à corrupção "sem se
preocupar" com o desemprego e com o pré-sal.
Em seguida,
Boulos ressaltou que a Lava Jato não era um tema que unificava os
movimentos e que por isso não constava no manifesto. "No manifesto não
há menção à Lava Jato porque não é uma pauta unitária. No nosso campo
existem posições diferentes. Felizmente existem diferenças".
A
Operação Lava Jato foi criticada ainda pelo representante da CUT, que
se disse preocupado com o emprego, e pela presidente da UNE, que
reclamou da falta de transparência nas investigações. "Hoje não se tem
presunção de inocência, mas presunção de culpa".
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