Segundo movimento, avanço resulta de recentes
ocupações de prédios do Ministério da Fazenda no país. Restrição
orçamentária imposta pelo ajuste fiscal chega a 47%
São Paulo – O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST) informou em nota que, após ocupar prédios do Ministério da
Fazenda em 11 estados nas últimas semanas, o movimento conseguiu do
governo federal o compromisso de recompor o orçamento da reforma
agrária. A informação foi dada também pelo diretor nacional do MST João
Paulo Rodrigues em entrevista à Rádio Brasil Atual hoje (5).
"Tivemos a reunião, e o governo se comprometeu a recompor o orçamento
que foi cortado da área de obtenção de terra", conta Rodrigues. A reunião ocorreu ontem (4) entre integrantes do MST e os ministros
da Casa Civil, Aloizio Mercadante, da Secretaria-Geral da Presidência
da República, Miguel Rossetto, e do Desenvolvimento Agrário (MDA),
Patrus Ananias.
Segundo a nota, o ministro Patrus afirmou que a redução no orçamento previsto para a reforma agrária, em decreto de contingenciamento publicado na última semana, pode ser revista. Até as 15h de hoje, o MDA não havia atendido à reportagem para confirmar a informação.
Segundo a nota, o ministro Patrus afirmou que a redução no orçamento previsto para a reforma agrária, em decreto de contingenciamento publicado na última semana, pode ser revista. Até as 15h de hoje, o MDA não havia atendido à reportagem para confirmar a informação.
Para Alexandre Conceição, da coordenação nacional do MST, no início
do ano o governo comprometeu-se a assentar cerca 120 mil famílias
atualmente acampadas pelo interior do país. Porém, com esse corte no
orçamento, "o que já era considerado ínfimo passou a ser inviável para o
compromisso".
"Se não houver desapropriação de terras para novos assentamentos,
não adianta discutir reforma agrária. O governo se comprometeu a
recompor o orçamento. Nós seguiremos na luta identificando latifúndios
(improdutivos) e exigindo que sejam desapropriados para reforma
agrária, conforme nossa legislação", afirmou Conceição.
Com esse novo compromisso do governo de recomposição do orçamento,
Mercadante vai informar o novo valor a ser contingenciado para a reforma
agrária no próximo dia 20. "O governo tem que ter vontade política e criar condições para fazer
a reforma agrária. Precisamos ter ação, o discurso tem que parar de
cair no vazio. E nós vamos seguir pressionando nas ruas para que se
cumpra o prometido ao povo sem-terra", salientou Rodrigues à Rádio Brasil Atual. "O Joaquim Levy (ministro da Fazenda)
cortou 47% do orçamento da reforma agrária, fomos o segundo ministério
mais afetado pelos cortes, só ficamos atrás da Secretaria de Direitos
Humanos. Diante disso, é impossível acontecer qualquer política de
assentamento no país", completou.
Rodrigues acredita que há outras soluções para o problema econômico
sem influenciar nos setores de políticas públicas. "Cortar políticas
públicas é anunciar um problema no futuro. O governo tem outros
instrumentos para enfrentar a crise, inclusive essa de diminuir a taxa
do superávit primário, baixar a taxa de juros, então, há outras soluções
sem precisar cortar orçamento da reforma agrária, da Saúde e da
Educação."
Ele diz que a reforma agrária teve avanços durante o governo Lula,
porém, que é necessário mais investimento. “Temos cerca de 770
acampamentos em todo o Brasil, são as famílias que
estão sem terra, que continuam em situação degradante. Essa é a nossa
principal divergência com o governo. Na opinião do MST, reforma agrária é
garantir que os assentamentos sejam produtivos e que deem qualidade de
vida para as famílias que vivem lá. Reforma, pra nós, é também expandir
assentamentos para aqueles que querem suas terras."
Segundo o diretor do MST, a maioria das famílias atualmente acampadas
está na região Nordeste. "Na Bahia, há 26 mil famílias acampadas, que é
o equivalente ao Sul e Sudeste juntos em números de acampamentos em
beira de estrada", conclui Rodrigues.
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