
Como todos os outros povos indígenas do Brasil, a história dos
Pataxós corresponde a um passado de muita luta, sofrimento, alegrias e
conquistas, que transformaram a rica cultura dos índios baianos numa das
tribos mais reconhecidas do nosso país.
Surgimento e localização dos índios pataxós
Localizados na Bahia e considerados um dos povos indígenas mais
antigos do território brasileiro, os pataxós falavam originalmente a
língua da família Maxacali, do tronco Macro-jê. Apesar de hoje em dia
utilizarem o português como língua oficial, algumas palavras isoladas
complementam seu vocabulário e ainda encontramos grupos cujo idioma
original é preservado.
A Aldeia da Barra Velha, localizada em Porto Seguro, é identificada
como seu território de origem: onde a tribo nasceu e desenvolveu suas
atividades características de agricultura, caça, pesca, coleta de frutos
e mariscos e artesanato em cerâmica.
A região de sua influência se espalha entre a embocadura dos rios
Caraíva e Corubáu, num território de cerca de 20.000 hectares, no qual o
Monte Pascoal constitui um limite territorial com grande valor
simbólico da identidade étnica Pataxó.
Além da Aldeia da Barra Velha, outras cinco localidades são povoadas
pela tribo: Imbiriba, Coroa Vermelha, Mata Medonha, Comexatiba e a
Aldeia Velha. Dentro dessas grandes áreas indígenas, cerca de dezessete
aldeias formam o complexo que abrange as cidades de Prado, Porto Seguro,
Santa Cruz de Cabrália e Itamarajú.
Histórico e disputas
Assim como diversos povos da região litorânea do Brasil que receberam
os primeiros estrangeiros, os pataxós sempre foram guerreiros e desde
os tempos do descobrimento lutam para firmar território e preservar sua
identidade cultural e histórica.
Em 1861, os pataxós foram alocados à força em uma Reserva de Barra
Velha, junto com as tribos Maxacalis e Botucurus, de onde foram
proibidos de sair. No decorrer do século XX, os pataxós sofreram muito
com a aculturação, sendo marginalizados pela sociedade e sofrendo grande
perda cultural nesse processo. No entanto, recentemente, o Supremo
Tribunal Federal (STJ), reconheceu o direito dos Pataxós ao povoamento
das terras da reserva Caramuru-Catarina-Paraguassu, anulando quaisquer
títulos de propriedades que haviam sido concedidos a fazendeiros dentro
dos limites territoriais dessa área, considerada indígena.
A conquista dá fôlego às centenas de famílias puras e miscigenadas
que vivem nas regiões e lutam diariamente pelas suas convicções e
territórios de origem.
A cultura do povo pataxó

Apesar dos percalços e impedimentos que enfrentaram, a cultura do
povo pataxó permaneceu viva através dos tempos e até hoje influencia os
mais jovens, seja através da música, da arte, da alimentação ou da
medicina.
A pintura corporal, por exemplo, tem grande valor cultural para os
pataxós, pois representa parte da história do povo, e esta relacionada
aos seus principais rituais sagrados. Para cada grande evento, como
casamentos, nascimentos, lutas ou danças, há pinturas específicas para
cada parte do corpo com significados profundos. Já através do canto e da
dança, os pataxós retiram as energias da terra, do fogo, da água e do
ar, e estabelecendo uma comunhão com a natureza.
Sua alimentação é baseada na pesca, frutos e raízes, sendo a mandioca
seu alimento preferido, pois dela os índios fazem a bebida sagrada
conhecida por kawi. Outro alimento muito apreciado é o peixe preparado
com folhas da patioba, alimento que, segundo a tribo, rejuvenesce o
corpo e purifica o espírito.
Seus artesanatos são feitos a partir de madeiras, sementes, palha,
argila e outras diversas matérias primas disponibilizadas pela natureza.
O colar de Tento, segundo os artesãos, está relacionado à proteção
espiritual. Seu conhecimento medicinal também não fica para trás:
diversas plantas, folhas, raízes e sementes são utilizadas para a cura e
o fortalecimento do corpo, além de servirem para afastar as
negatividades espirituais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário