quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

ESPECIAL BAHIA – Conheça os Índios Pataxós

 pataxós

Como todos os outros povos indígenas do Brasil, a história dos Pataxós corresponde a um passado de muita luta, sofrimento, alegrias e conquistas, que transformaram a rica cultura dos índios baianos numa das tribos mais reconhecidas do nosso país.

Surgimento e localização dos índios pataxós

Localizados na Bahia e considerados um dos povos indígenas mais antigos do território brasileiro, os pataxós falavam originalmente a língua da família Maxacali, do tronco Macro-jê. Apesar de hoje em dia utilizarem o português como língua oficial, algumas palavras isoladas complementam seu vocabulário e ainda encontramos grupos cujo idioma original é preservado.
A Aldeia da Barra Velha, localizada em Porto Seguro, é identificada como seu território de origem: onde a tribo nasceu e desenvolveu suas atividades características de agricultura, caça, pesca, coleta de frutos e mariscos e artesanato em cerâmica.
A região de sua influência se espalha entre a embocadura dos rios Caraíva e Corubáu, num território de cerca de 20.000 hectares, no qual o Monte Pascoal constitui um limite territorial com grande valor simbólico da identidade étnica Pataxó.
Além da Aldeia da Barra Velha, outras cinco localidades são povoadas pela tribo: Imbiriba, Coroa Vermelha, Mata Medonha, Comexatiba e a Aldeia Velha. Dentro dessas grandes áreas indígenas, cerca de dezessete aldeias formam o complexo que abrange as cidades de Prado, Porto Seguro, Santa Cruz de Cabrália e Itamarajú.

Histórico e disputas

Assim como diversos povos da região litorânea do Brasil que receberam os primeiros estrangeiros, os pataxós sempre foram guerreiros e desde os tempos do descobrimento lutam para firmar território e preservar sua identidade cultural e histórica.
Em 1861, os pataxós foram alocados à força em uma Reserva de Barra Velha, junto com as tribos Maxacalis e Botucurus, de onde foram proibidos de sair. No decorrer do século XX, os pataxós sofreram muito com a aculturação, sendo marginalizados pela sociedade e sofrendo grande perda cultural nesse processo. No entanto, recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STJ), reconheceu o direito dos Pataxós ao povoamento das terras da reserva Caramuru-Catarina-Paraguassu, anulando quaisquer títulos de propriedades que haviam sido concedidos a fazendeiros dentro dos limites territoriais dessa área, considerada indígena.
A conquista dá fôlego às centenas de famílias puras e miscigenadas que vivem nas regiões e lutam diariamente pelas suas convicções e territórios de origem.

A cultura do povo pataxó

Cultura Pataxó- Divulgação
Cultura Pataxó- Divulgação
Apesar dos percalços e impedimentos que enfrentaram, a cultura do povo pataxó permaneceu viva através dos tempos e até hoje influencia os mais jovens, seja através da música, da arte, da alimentação ou da medicina.
A pintura corporal, por exemplo, tem grande valor cultural para os pataxós, pois representa parte da história do povo, e esta relacionada aos seus principais rituais sagrados. Para cada grande evento, como casamentos, nascimentos, lutas ou danças, há pinturas específicas para cada parte do corpo com significados profundos. Já através do canto e da dança, os pataxós retiram as energias da terra, do fogo, da água e do ar, e estabelecendo uma comunhão com a natureza.
Sua alimentação é baseada na pesca, frutos e raízes, sendo a mandioca seu alimento preferido, pois dela os índios fazem a bebida sagrada conhecida por kawi. Outro alimento muito apreciado é o peixe preparado com folhas da patioba, alimento que, segundo a tribo, rejuvenesce o corpo e purifica o espírito.
Seus artesanatos são feitos a partir de madeiras, sementes, palha, argila e outras diversas matérias primas disponibilizadas pela natureza. O colar de Tento, segundo os artesãos, está relacionado à proteção espiritual. Seu conhecimento medicinal também não fica para trás: diversas plantas, folhas, raízes e sementes são utilizadas para a cura e o fortalecimento do corpo, além de servirem para afastar as negatividades espirituais.

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