quinta-feira, 31 de outubro de 2013

SITUAÇÃO INDÍGENA

É tenso o diálogo entre índios e governo
As comunidades indígenas de Buerarema, Itabuna e Olivença, no Sul da Bahia, continuam esperando por uma decisão dos governos Federal e Estadual para a demarcação das terras ocupadas por fazendeiros. Enquanto isso, índios e produtores vivem sob confrontos e ameaças de morte, que já se arrastam por três meses.
Na última sexta-feira (24), o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, se reuniu com o governador Jaques Wagner e representantes indígenas, na Fundação Luís Eduardo Magalhães (Flem), no Centro Administrativo da Bahia (CAB), para buscar soluções imediatas.
Sob um clima tenso, tanto o governador quanto o ministro chegaram à Flem dizendo aos jornalistas que iam abrir o espaço para o diálogo com os índios, mas que não iam admitir hostilidades. Sem avanços até então, os governos tentam estabelecer um diálogo com os índios. “Não é um processo fácil. Para que haja a demarcação das terras, as partes precisam concordar”, afirmou o governador Jaques Wagner.
A conversa se deu a portas fechadas e não avançou muito. “Nada foi resolvido até o momento. O governo fala que é melhor negociar do que brigar judicialmente. Só queremos que esta situação, que dura 513 anos, seja logo resolvida com a emissão da carta declaratória”, declarou o secretário Geral do Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoiba), Kanru Pataxó.
De acordo com o vice-presidente da Assembleia Legislativa da Bahia e intermediador na negociação, Yulo Oiticica (PT), para que os conflitos cessem é necessária a assinatura da carta declaratória. “A luta é por justiça. O Estado precisa assinar a carta, que define a demarcação das terras indígenas. Essa dívida precisa ser paga”, ressalta Oiticica.
Dívida
Enquanto a demarcação não acontece, índios e fazendeiros vivem sob confronto direto, inclusive sob ameaça de morte. “A gente não quer tomar nada de ninguém. Pelo contrário. Queremos que os produtores sejam recompensados para que eles retomem a vida normalmente. Mas precisamos ter o que, por direito, é nosso” salienta Kanru Pataxó.
Segundo o representante do Movimento Indígena, nesta reunião, “o ministro deu até março de 2014 para termos alguma resposta. Só que estamos aguardando a carta há dois anos. Não sei se todos vão querer esperar até lá. Os caciques vão se reunir com as comunidades a partir desta segunda-feira para decidirmos o que será feito”, conclui ele.

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