quinta-feira, 31 de outubro de 2013

SAÚDE NAS ALDEIAS

Aldeias terão profissionais do Mais Médicos

No segundo ciclo do programa federal Mais Médicos, dez dos 277 profissionais intercambistas que atuarão na Bahia serão destinados a comunidades indígenas.
O anúncio foi feito nesta segunda-feira, 28, na aula inaugural de acolhimento para os profissionais que comporão as equipes dessa segunda etapa do programa do Ministério da Saúde (MS), que aconteceu no auditório do Instituto Anísio Teixeira (avenida Paralela).
Os profissionais integrarão equipes de saúde e vão trabalhar em aldeias situadas nas proximidades de municípios como Euclides da Cunha, Ilhéus, Itamaraju, Pau Brasil, Paulo Afonso, Ribeira do Pombal e Porto Seguro.
Com a chegada dos profissionais, sobe para 36 o número de médicos nas equipes multidisciplinares já existentes nas regiões. Eles ficarão alocados nos municípios e vão atuar de forma itinerante nas aldeias próximas aos centros urbanos.
De acordo com o coordenador da Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde (Sesai-MS), Jerry Matalawê, a chegada dos médicos vai, sobretudo, sanar a dificuldade de manter os profissionais nesses locais.
Segundo ele, atualmente a Bahia tem registro de 135 aldeias indígenas, que abrigam 32 mil índios.
"Por conta da distância de uma aldeia para outra, os médicos acabavam gastando muito tempo em deslocamento. Com a vinda desses profissionais, mais indígenas poderão ter acesso a atendimentos e consultas", disse.
Durante esta semana, os médicos que vão atuar nas aldeias vão conhecer as características das comunidade  e particularidades da saúde indígena. "A assistência básica de saúde é comum na maioria das comunidades, no entanto, os indígenas lidam com a saúde de forma peculiar. É importante que os médicos tenham noções de medicina tradicional e saibam também da importância que tem o pajé dentro da aldeia", explicou Matalawê.
Adesão
Ao todo, nessa etapa, a Bahia recebeu 310 médicos, dentre estrangeiros, brasileiros diplomados no exterior e brasileiros. Até o final da semana, eles terão noções básicas sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), além de particularidades do estado.
Na próxima sexta-feira, quando o curso será encerrado, os médicos serão apresentados aos gestores das 138 cidades que serão contempladas pelo programa. Os profissionais devem seguir para os locais, onde irão atuar no mesmo dia.
A previsão, de acordo com o secretário da Saúde do estado, Jorge Solla, é que os médicos comecem a atender, de fato, na próxima segunda-feira.
Solla acredita que, por meio do programa, será possível reduzir o déficit de médicos no estado.
Segundo ele, somente em Salvador, no início de 2013, foi registrada a ausência de médicos em  102 postos de saúde. Hoje, o número de unidades que não possuem profissionais caiu para 21.
"Nos últimos seis anos, foram construídos mil novos postos de saúde e mais de 1.300 novos leitos de unidades de terapia intensiva (UTI). No entanto, o número de médicos não acompanhou esse crescimento. Agora, será possível fechar essa conta. A previsão é que, em Salvador, todas as equipes de Saúde da Família estejam completas até o final deste ano", disse.
Expectativa
Assim como na primeira etapa do programa, a maioria dos selecionados é formada por profissionais de nacionalidade cubana. Dentre os 270, está a médica Maurisleydis Pérez, que não consegue esconder a ansiedade para começar a atuar.
Lotada no município de Livramento de Nossa Senhora, a 658 quilômetros de Salvador, Maurisleydis abdicou da convivência com o filho de
8 anos para embarcar para o Brasil.
Ela acredita que o período no interior baiano é um grande desafio para a carreira: "Será uma experiência nova, embora já tenha trabalhado em outros países, como Honduras, por dois anos".
O casal cubano Mariane Ramirez e Leonardo Pérez conta que o maior desafio que enfrentarão  é a língua. "Vivemos experiência de trabalhar com pessoas carentes na Bolívia. Como aqui se fala o português, espero entender e ser entendida", disse Mariane.

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