quarta-feira, 9 de outubro de 2013

JUSTIÇA PARA VÍTIMAS DE EXPLOSÕES DE FOGOS DE ARTIFÍCIO NO RECÔNCAVO.

A JUSTIÇA TARDIA.

Maria Madalena e  Maria Balbina, da Associação 11 de Dezembro.
A justiça demorou a chegar para as famílias que compõe a ASSOCIAÇÃO 11 DE DEZEMBRO de Santo Antônio de Jesus, cidade do recôncavo baiano que ganhou projeção nacional por ser uma grande produtora de fogos de artifício na década de 1990. Porém com a produção artesanal e sem nenhuma medida de segurança projeção do município aumentou quando uma explosão em uma das fábricas clandestinas da cidade vitimou 64 trabalhadores e feriu mais 5, num total de 69 vitimas diretas. Os sobreviventes e familiares se reuniram na Associação 11 de dezembro e começaram então um movimento para que a justiça fosse feita, para as vítimas, com a indenização e apoio aos familiares e para os culpados, que, segundo a associação, até hoje permanecem impunes.
A associação criou uma creche para que os filhos menores, órfãos que perderam seus pais no acidente não ficassem abandonados à própria sorte até que fossem reparados, via justiça, pela perda dos pais.  Maria Balbina dos Santos, presidente da associação, contou à reportagem que muitos filhos atingiram a maioridade e não receberam nenhuma indenização, embora o caso já tenha sido julgado e ter sido dado ganho de causa às vítimas. 

Maria Balbina
A boa notícia é que, no dia 08 de outubro foi determinado pela justiça civil o pagamento, como forma de indenização, de R$ 20.000,00 para cada vítima. Dinheiro insuficiente para pagar o valor da vida humana, como nos disse a fundadora e  primeira presidente da associação, a senhora Maria Madalena Santos Rocha, que chora a perda de três filhos no acidente e é, com certeza, a mais aguerrida defensora dos direitos das vítimas, tendo ido às várias autoridades, nos âmbito estadual e federal, buscar reparação aos atingidos.
Maria Madalena perdeu três filhos no acidente.
A luta ainda continua, pois ainda são buscadas as reparações na justiça do trabalho e as perdas sofridas pelas famílias que perderam pais, mães, filhos, irmãos, gente que não volta mais. Uma das principais queixas das famílias das vítimas é de que a produção clandestina de fogos continua, nas barbas do poder público e que não existe uma fiscalização efetiva e uma repressão das irregularidades, que as vítimas foram abandonadas pela autoridade municipal, que não apoiou sua população após a tragédia e também não se empenhou em evitar que tragédias do mesmo tipo ocorressem, limitando-se a realizar o repasse de verbas obtidas a nível federal para manutenção da alimentação das setenta e cinco crianças atendidas pela creche todos os dias.
A creche 11 de dezembro se localiza no bairro Mutum, um dos mais pobres de SAJ, mas a queixa principal dos moradores não é a pobreza ou a violência do local e sim a falta de emprego e o preconceito existente contra a população que lá reside, situação essa que a associação 11 de dezembro pretende mudar, levando um estímulo à população local para que estudem e mudem de vida, aperfeiçoando-se para que não se recorra mais ao sub emprego das “tendas”, os locais onde se fabricam os fogos clandestinamente.

Como disseram a ex e a atual presidente da associação, o que é buscado pelas vítimas não é o dinheiro da indenização, e sim o respeito às pessoas, o apoio que foi negado as famílias e a justiça, que os culpados pela perda de 64 vidas e pelo desamparo de mais tantas que perderam um ente querido, esses devem ser punidos, pois o dinheiro, para muitos servirá para construir uma sepultura para um ente querido falecido a quinze anos e até hoje clamando por uma reparação. A justiça dos homens é lenta para os pobres.

Nossa equipe: Paraná e Beto Costa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário