terça-feira, 27 de maio de 2014

ABANDONO E FALTA DE ASSISTÊNCIA À POPULAÇÃO NO INTERIOR DE ILHÉUS.

POPULAÇÃO DE ALDEIA INDÍGENA É IGNORADA PELO PODER PÚBLICO.
NÃO SÃO BRASILEIROS TAMBÉM, OU EXISTE MAIS EM JOGO?

No município de Ilhéus, pólo turístico do estado da Bahia, muito próximo à orla atlântica, numa das paisagens mais bonitas do Brasil, existe a aldeia ITAPOÃ, dos índios tupinambá. Da elevação ocupada pela aldeia se vê o belo cenário formado por praias paradisíacas, condomínios de alto padrão e hotéis de veraneio de padrão internacional. Um lugar de sonho, se deixar de considerar as condições nas quais vivem as cerca de três mil pessoas que moram e trabalham na área da aldeia.

As belezas naturais mascaram as precárias condições em que vivem os moradores da aldeia, que sofrem de todas as privações que se julgavam extintas no século XXI. São pessoas abandonadas à própria sorte, que sofrem preconceito por serem indígenas, por serem pobres e por não aceitarem viver sob a opressão do trabalho dito civilizado. Pessoas que moram em casas de taipa, construídas por suas próprias mãos, vivem da agricultura de subsistência, pintam o corpo e dançam o "PORANCY" nas sextas feiras em homenagem à natureza e ao culto seu deus, o "PAI TUPÃ". Porém as condições em que vivem são degradantes, a aldeia não possui distribuição de água potável e nem esgotamento sanitário. A água para consumo vem de nascentes, as casas ainda utilizam-se de latrinas, o que favorece que as pessoas sejam acometidas de verminoses, como se ainda vivessem em 1910. 



A situação mais crítica é, como sempre em se tratando de Brasil, da educação. As crianças são assistidas em um núcleo escolar que de escola só possui o nome. Apesar do esforço das professoras indígenas, das cozinheiras e dos funcionários voluntários, a estrutura disponível não favorece o aprendizado, a biblioteca é uma estante improvisada, com livros doados pela comunidade. As salas de aula construídas em taipa, com alguns furos onde a chuva desgastou o barro e janelas improvisadas, destacando-se as carteiras novas, feitas em plástico, fruto de muita luta junto à secretaria de educação.

Biblioteca da escola na aldeia ITAPOÃ.

Sala de aula.

É na cozinha da escola que a situação se torna aviltante, pois falta o essencial a qualquer local onde se prepare alimentos, a simples e tão comum água corrente. A escola simplesmente não possui água encanada, não possui a garantia de receber a merenda escolar, não possui um local adequado para estocagem dos alimentos, possui apenas uma equipe dedicada e caprichosa no cuidado com a comida que é feita para os alunos. " A água vem da nascente, trazida em galões, pelos meninos", como são tratados os colaboradores que auxiliam os trabalhos da escola, mostrando os galões cheios de água, a cozinheira apresenta uma cozinha improvisada, com buracos nas paredes e uma estrutura que beira o abandono. "O pior é quando acaba a merenda escolar, as crianças são dispensadas da escola às 15 horas e vão para casa com fome," também se ouve da equipe de cozinha. A merenda demora até um mês além do prazo de entrega. Coisas da educação brasileira.

Água armazenada para consumo dos alunos. Ah, os canecos foram distribuídos pela Secretaria de educação.

Estrutura de armazenamento de alimentos. Não há água corrente, mas as panelas estão brilhando.

A educação desses pequenos brasileiros fica a cargo das professoras Luisa, Gilvani e Daniela, mulheres dedicadas, que caminham por quilômetros para levar o conhecimento a essas crianças desassistidas pelo poder público, que, além das matérias comuns como geografia e história, repassam a cultura ancestral tupinambá. Para que as raízes não se percam, buscam retomar a identidade de seu povo, trazendo de volta o orgulho de ser índio numa sociedade onde os indígenas sofrem do preconceito pelo simples fato de existirem. Agora eles querem se tornar novamente um povo, com raízes e com a cultura de seus antepassados. A busca da educação indígena é para "Num mundo de diferenças encontrar a igualdade".
Com essa visão os pequenos tupinambás retomam suas origens, aprendendo, desde cedo, a dançar o PORANCY e olhar o mundo com os olhos da inocência e da esperança.

Crianças tupinambás dançam o Porancy. Batendo forte o pé no chão.

Indiozinho tupinambá tem esperança em um futuro melhor, é o que mantém seu sorriso no rosto.








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