Encontro visa o empoderamento e autonomia das mulheres Sem Terra
Por Wesley Lima
Da Página do MST
Fotos: Kleidir Costa
Da Página do MST
Fotos: Kleidir Costa
“O que eu mais quero é trabalhar, me organizar e conseguir garantir o pão de cada dia para meus filhos e para mim”, desabafa a trabalhadora rural Maria do Socorro (52), ao participar de uma das oficinas do projeto de Capacitação de Mulheres Assentadas e Acampadas para o Acesso a Políticas Públicas da Bahia.
As oficinas possuem o objetivo de garantir o debate em torno das relações de gênero e a organicidade coletiva de trabalhadoras rurais para terem acesso as diversas políticas públicas implementadas a nível nacional e estadual.
Para ela, as mulheres, em especial do campo, “sempre foram invisibilizadas na constituição e direção das lutas e instituições, com um papel secundário nestes espaços”.
Pensando nisto, fortalecer o processo produtivo e econômico das mulheres que estão assentadas ou acampadas é dado pelo MST como uma proposta de enfrentamento a violência e a construção da autonomia feminina nos diversos campos sociais.
As oficinas estão acontecendo em oito regiões da Bahia, iniciando-se neste segundo semestre e com a perspectiva de se encerrar em novembro, com um grande encontro reunindo cerca de 1.000 trabalhadoras rurais.
Metodologia
A princípio todas as oficinas foram pensadas para envolver 400 mulheres lideranças, acampadas e assentadas de todo o estado. Para isso, é realizado previamente um momento de mobilização e planejamento das ações pedagógicas.
Os núcleos de formação (NF) possuem entre 20 e 30 mulheres, e as oficinas possuem a duração de três dias cada.
Estão sendo realizadas também atividades com as crianças, garantindo assim que todas as mães possam participar integralmente.
Temáticas
Os temas abordados procuram dialogar com a história da mulher na sociedade, o enfrentamento a violência e o protagonismo feminino na luta de classe, tendo como base suas diversas conquistas.
Assim, são três eixos centrais que norteiam os estudos das Sem Terra:
Primeiro, a história e o papel da mulher na sociedade, buscando compreender como a mulher foi sendo formada socialmente, o contexto de formação das classes sociais, sua função, sexualidade e reprodução.
Em seguida, a organização política e as mulheres, tendo como base o seu papel na luta de classes, a luta por direitos, sua organização social e política.
Por ultimo, as políticas públicas, enfatizando a legislação e as políticas específicas para as mulheres, assim como seu acesso e a construção de sua autonomia.
Para Elizabeth, “estes espaços buscam promover nas mulheres o perfil de lideranças sociais no seu espaço, por trazer informações e formação para constituição de ações de empoderamento e autonomia dentro dos assentamentos e acampamentos com acesso as políticas públicas. Queremos que esta ação possa transformar as realidades”, afirma.
Já Salém Batista, também assentada, acredita que é possível realizar mudanças, mas para isso as mulheres precisam se unir e lutar contra qualquer tipo de violência e fazer do trabalho o alicerce de sua autonomia.
Este projeto de capacitação e formação está sendo construído em parceria com a Fundação Juazeirense para o Desenvolvimento Científico, Tecnológico, Econômico, Social, Cultural e Ambiental (Fundesf), Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) e a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM).
Até então já foram realizadas 12 oficinas em todo o estado, faltando apenas construir mais cinco espaços de formação e capacitação.
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