“Antes de a gente [ter] nascido, os brancos mataram muito índio aí em Olivença, do Cururupe até o Acuípe, uma légua de índio morto, pareado. Já pensou quanto índio morreu?” (Marcionílio Alves Guerreiro, conhecido como seu Bebé, 80 anos).
TUPINAMBÁ DE OLIVENÇA REALIZAM CAMINHADA EM HOMENAGEM A SEUS ANTEPASSADOS.
A praia do Cururupe, extremo norte da Terra Indígena Tupinambá de Olivença, foi cenário da sangrenta Batalha dos Nadadores, comandada por Mem de Sá, em 1559. Segundo relato do próprio governador-geral, quando dispostos ao longo da praia, “tomavam os corpos [dos indígenas assassinados] perto de uma légua” (apud João da Silva Campos. 2006 [1947]. Crônica da capitania de São Jorge dos Ilhéus. 3 ed. Ilhéus, Editus, p. 186).
No último domingo, no município de Ilhéus, os indígenas da etnia Tupinambá se reuniram para honrar seus mártires. Foi um dia de tristeza pelas violências sofridas durante todo o período desde o descobrimento até os dias de hoje, em que os índios são considerados uma sub-espécie e tem seus direitos afrontados dia a dia.
Mas também foi um dia de festa, pois marca a resistência dos povos indígenas, em especial dos tupinambá, que criaram um foco de resistência que se expandiu desde a aldeia mãe (Olivença) a toda região entre os município de Ilhéus, Una e Buerarema.
Foz do rio Cururupe
Idosos, crianças, mulheres e muitos guerreiros tupinambá estiveram presentes na caminhada, o riso surgia fácil e a caminhada se tornou leve, mesmo sob um calor intenso e caminhando no asfalto da BA 001, no trecho que liga o Cururupe à Aldeia Mãe.
Índios de várias idades participaram da caminhada, todos com muita alegria.
Durante a caminhada, os caciques seguiam a frente, orgulhosos de suas culturas e guiando seu povo, mostrando disposição para a luta e para o resgate cultural que representou o evento para todos os tupinambá que participaram.
Caciques Tupinambá sempre a frente de seu povo.
Povo tupinambá caminhando na BA 001.
Guerreiros tupinambá a frente de seu povo, com muita disposição.
Crianças tupinambá também participam da caminhada.
Após a caminhada se deu a entrada triunfal dos indígenas na Vila de Olivença, onde foram recepcionados pela comunidade e pelo Bispo Diocesano de Ilhéus, Dom Mauro Montagnoli que recepcionou e abençoou os Tupinambá com uma cerimônia simples mais cheia de significação.
Chegada da caminhada na Vila de Olivença
Ladeado pelos Tupinambá, Dom Mauro abençoa os indígenas que realizaram a caminhada.
Atentos, os Tupinambá ouviram as palavras do Bispo Diocesano.
Após a cerimônia, os caciques orientaram seu povo e houve uma bela confraternização com a comunidade local. O povo tupinambá pode refeletir sobre sua história e o lugar por eles ocupado na história desse nosso vasto Brasil, tão cheio de contrastes e de injustiças e, ao mesmo tempo, dotado de uma cultura sem igual no mundo.
Guerreiros tupinambá pintados com suas cores tradicionais participaram da caminhada.
Imagens disponíveis, somente cite a fonte.
Set 2014. A vez das Minorias