Terror no Sul da Bahia: em
mega-operação, policiais espancam e atiram balas de borracha contra os Pataxó!
Em ação truculenta para cumprir mandado de
reintegração de posse na AldeiaBoca da Mata, a
Polícia Federal com apoio da Polícia Militar e Civil do estadoda Bahia, atirou balas de borracha e
bombas de gás aos indígenas Pataxó. Segundo relatos, os policiais não pouparam
nem crianças e mulheres, hoje, 26 de novembro, por volta de 5h da manhã.
Uriba Pataxó
informou que há muitos indígenas nas matas fugindo do ataque da Polícia. O
representante da Funai na região, Tiago de Paula, estava na área e segundo
indígenas ele também foi agredido. “Bateram em nossos parentes, nossas crianças
e mulheres. Tem índio que ainda tá perdido no mato. Chegaram botando terror.
São mais de 30 viaturas que estão no território, PF, Polícia Civil e Polícia
Caema. Então é muita policia, já chegaram espancando os índios, estamos
preocupados com nossos parentes que ainda estão perdidos no mato”, lamenta
Antônio José Pataxó, que vive na Aldeia Guaxuma, outra área de retomada
distante 11km de Barra Velha, local onde aconteceu a barbárie.
A Polícia pretende cumprir todas as liminares favoráveis aos fazendeiros. As lideranças indígenas ainda não informaram data, mas vão se articular para ver o que fazer diante dessa situação. Devido a morosidade do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em assinar as Portarias Declaratórias, os fazendeiros estão entrando com liminares reivindicando as terras ancestrais dos indígenas. Deixando-os vulneráveis e expostos a ataques, um contexto de violência.
São 13 portarias declaratórias de terras em todo o
Brasil que estão na mesa do ministro só espera da assinatura. Nos últimos
quatro anos foram três audiências que os indígenas tiveram com o ministro da
Justiça, inclusive a última, no dia 20 de outubro deste ano, a audiência foi em
uma das áreas de retomadas dos indígenas. Onde estavam presentes o Ministério
Público Federal, a Funai e o Ministério da Justiça. Na reunião,ficou acertado
que não haveria ação policial contra os Pataxó, acordo violado com essa
operação violenta.
A Terra Indígena Barra Velha do Monte Pascoal, situada nos municípios de Porto Seguro, Prado, Itamaraju, região do extremo sul da Bahia é área tradicionalmente ocupada pelos Pataxó, conforme vários relatos históricos desde de 1.500 e tem o território delimitado e homologado conforme processo Funai com 8.627 hectares.
Em desacordo com a reivindicação da comunidade indígena, a terra
indígena foi demarcada em 1981 e declarada como posse permanente da comunidade
por meio da Portaria de nº 1.393, em 1982.
Área que é insuficiente para uma população de mais
de 5 mil indígenas espalhados em cerca de 17 aldeias. Com a revisão de limites
essa área passa para 52.748 hectares, sendo que desse total 22.500
pertencem ao Parque Nacional do Monte Pascoal sobreposto a Terra Indígena,
criado em 29 de novembro de 1961. Na década de 1970 a área foi
reduzida, os indígenas ocupam atualmente os 8 mil hectares, mas reivindicam os
52 mil, incluindo área do Parque Monte Pascoal, que mesmo com estudos que
comprovam a ancestralidade indígena do território, a área não é totalmente
ocupada por eles.
Devido a demora do governo na regularização
territorial em abril de 2014, as lideranças e membros de várias comunidades
indígenas deram início ao processo de retomadas em fazendas que estão
dentro da área
delimitada pela Funai, totalizando cerca de 27 propriedades, para pressionar o
Ministério da Justiça a expedir Portaria Declaratória. Atualmente existem cerca
de 13 interditos proibitórios, 12 mandados de reintegrações e manutenção de
posse na Justiça Federal de Eunápolis e Teixeira de Freitas, aguardando
cumprimento pela Polícia Federal.
Fonte: CIMI